Sbardelotti, Emerson. "EDITORIAL". Revista Eletrônica Espaço Teológico. ISSN 2177-952x 13, n.º 23 (30 de junio de 2019): 3–5. http://dx.doi.org/10.23925/2177-952x.2019v13i23p3-5.
Resumen
Estimado(a) Leitor(a):Dentro das comemorações dos 70 anos da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, a Revista Eletrônica Espaço Teológico – RevEleTeo –, procurando ser fiel ao seu objetivo de promover um debate fecundo no horizonte da cultura e do diálogo inter-religioso e ecumênico, bem como procurando se adequar, cada dia mais, às novas reflexões da Teologia Latino-Americana e às pautas defendidas pelo Papa Francisco, apresentará, a partir deste número, mudanças, inclusive no tocante aos/as colaboradores/as: a revista passa a estar aberta à colaboração de Pós-Doutores, Doutores, Doutorandos, Mestres e Mestrandos em colaboração com o Orientador, nas áreas de Teologia, Filosofia e Ciências da Religião.No próximo número, a revista trabalhará a temática: 40 anos da Conferência de Puebla. Os artigos deverão ser enviados até o dia 30 de setembro de 2019, somente pelo site da RevEleTeo.Neste número, a revista apresenta vários artigos, de temáticas variadas, que nos ajudam a compreender os passos que, nos últimos anos, a Teologia Latino-Americana tem dado em todas as áreas de conhecimento teológico. Há de se levar, assim, em consideração as palavras do Papa Francisco:Pode-se e deve-se trabalhar na direção de um “Pentecostes teológico”, que permita às mulheres e aos homens do nosso tempo ouvir “na própria língua” uma reflexão cristã que responda à sua busca de sentido e de vida plena. É preciso partir do Evangelho da misericórdia. A Teologia nasceu em meio aos seres humanos concretos e, portanto, “fazer Teologia é um ato de misericórdia” e os bons teólogos também têm o cheiro das ovelhas. Sem a possibilidade de experimentar novas estradas, não se cria nada de novo e não se deixa espaço à novidade do Espírito do Ressuscitado.[1] Portanto, Andre Luis Estolano de Azevedo, em A orelha direita de Malco com base no texto de João 18:10 e Levítico 8:24, disserta sobre um fato ocorrido com Jesus de Nazaré na noite de sua prisão: Malco, servo do sumo sacerdote Caifás, tem sua orelha direita decepada por um golpe de espada. Jesus se opõe ao ato de violência cometido, curando sua orelha perdida e demonstrando que o caminho da violência não é o caminho para o Reino de Deus e sua salvação. Não importa, para o autor, quanto uma pessoa seja pecadora. Jesus é misericórdia e não permite que seus sonhos sejam destruídos.Luiz Carlos Mariano da Rosa, em Abraão e a fé paradigmática: da relação absoluta com o absoluto à encarnação do absoluto no Deus-Homem Jesus Cristo, baseia-se na perspectiva teológico-filosófica de Kierkegaard e estabelece a distinção entre Agamêmnon e Abraão, no que tange à sua relação absoluta com o Absoluto. Sublinha o processo que torna Abraão pai espiritual de todo aquele que crê e que, tendo como fundamento a leitura teológico-bíblica e católico-protestante, demanda a manifestação do Deus-Homem Jesus Cristo como a encarnação do Lógos, em um movimento que pressupõe um novo ser e um novo modo de existência e atribui à fé a condição de que tudo é possível, seja para Deus, seja para o homem.Jeverson Nascimento, em Discipulado na terceira idade e o idoso como discipulador, questiona: idosos podem ser discípulos e ter autonomia para exercer a liderança do discipulado de pessoas, sendo verdadeiros discipuladores? O tema em questão tem muito a contribuir para o crescimento da autonomia do idoso. As dificuldades encontradas para relacionar os idosos ao discipulado cristão foram muitas, pois faltam bibliografias a respeito do assunto. É preciso continuar os debates sobre o tema. O idoso precisa de valorização.Cícero Alves França, em Espiritualidade do deserto: uma proposta moderna para uma espiritualidade de exílio e encontro, apresenta uma contribuição da Teologia da Espiritualidade aos questionamentos hodiernos sobre a escassez de sentido e efemeridade do tempo presente, propondo a espiritualidade do deserto como caminho de solidão, silêncio e oração. Essa espiritualidade nos tira a ideia de vermos o deserto como uma realidade somente de morte e de fuga. Ao contrário, abre-nos os olhos para uma realidade mais profunda, pois nos ensina a transformar as nossas dores em cantos de alegria e a pronunciarmos palavras de esperança.Josiney Alves de Souza, em Evolução e Doutrina da Salvação, analisa como variações de sentido afetam a concepção bíblica de salvação. Verifica-se que a evolução plena do homem é inconcebível pela trivialidade do mecanismo darwiniano, cuja superestimada aplicação compreende uma ação divina restringida ao mero acompanhamento interior e solidário ao sofrimento humano. A Criação é inacabada e imperfeita desde o princípio. Sua perfeição ocorrerá no futuro cósmico. De igual forma, o ser humano nunca foi perfeito, mas evolui para sua completa realização vindoura. Evolutivamente inexplicável, o homem Jesus de Nazaré viveu sua perfeição no passado cósmico.Carlos Eduardo Bernardo, em Fator anthropo-demoníaco: um desdobramento mundano da contribuição de Freytag para o estudo das religiões, propõe uma inquirição acerca da pertinência da religião quando essa parece perder, em nossos dias, a sua capacidade transformadora ou se tornar impotente diante dos mais baixos instintos humanos. Essa reflexão busca correlacionar uma abordagem originalmente teológica com um problema ético. Todas as religiões podem dar ocasião ao fator anthropo-demoníaco, mas também ao amadurecimento do humano. Esse último ocorre quando as religiões se propõem a valorizar a dignidade do homem e a lhe propor fundamento e orientação para que, mesmo dentro de suas limitações, possa viver de modo a expressar solidariedade para com seus semelhantes e para com toda a natureza.Francisco Erlânio Gomes Ribeiro, em O conhecimento de si no itinerário espiritual de Orígenes de Alexandria, pretende desenvolver o aspecto do itinerário espiritual de Orígenes presente nas passagens de seu Comentário ao Cântico dos Cânticos no qual o autoconhecimento está posto no reconhecimento do ser criado à imagem e semelhança de Deus (campo ontológico) e no conhecimento das disposições da alma (campo ético). A teologia espiritual de Orígenes é um convite para a transformação da vida cristã seja no plano individual, seja no plano eclesial.Aislan Fernandes Pereira, em Romanos 1: menos filtro e mais próximo, apresenta uma revisão da tradução e comentários da mesma passagem, contudo com diferenças marcantes. Isso, aliás, reforça o trabalho da tradução como algo de contínua revisão, cuja busca pela imparcialidade, no sentido colocado por Perelman e Olbrechts-Tyteca, não implica uma objetividade ideal irrealizável, pois certos pré-conceitos são admitidos e tomados como pontos de partida, uma vez que uma operação de autoconsciência, fora da História, como defende Gadamer, não é possível. Por fim, a Revista nos apresenta uma resenha elaborada por um de nossos autores: Fernando Cardoso Bertoldo analisa a obra GEBARA, Ivone. Rompendo o silêncio: uma fenomenologia feminista do mal. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.Desejo a todos(as) os(as) leitores(as) uma excelente leitura.Emerson Sbardelotti[2]Editor Assistente[1] PAPA FRANCISCO. Discurso Del Santo Padre: visita del Santo Padre Francisco a Nápoles con motivo del congreso “La teología después de la Veritatis Gaudium en el contexto del mediterráneo”. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/es/speeches/2019/june/documents/papa-francesco_20190621_teologia-napoli.html>. Acesso em: 24 de junho de 2019. Tradução nossa.[2] Doutorando e Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Bolsista CAPES.