Literatura académica sobre el tema "Pierre (1945-.... ; romancier)"

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Artículos de revistas sobre el tema "Pierre (1945-.... ; romancier)"

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Morency, Jean. "Ma cabane dans les bois: les modalités de la présence de Thoreau au Québec". Quebec Studies 77, n.º 1 (6 de junio de 2024): 35–49. http://dx.doi.org/10.3828/qs.2024.4.

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Resumen
Les écrits de Henry David Thoreau se sont imposés au Québec à partir des années 1970, avec la venue d’une nouvelle génération d’écrivains nés aux environs de 1945 (Pierre Morency, André Major, Yvon Rivard, François Hébert, Jean-Pierre Issenhuth). Cet article vise à saisir quelques-unes des modalités de l’influence exercée par Thoreau sur les écrivains québécois, tout en mettant l’emphase sur deux romanciers emblématiques du phénomène de l’américanité, Andrée A. Michaud et Louis Hamelin, qui ont fait de Thoreau une importante figure d’identification, en la situant dans une réflexion sur la figure du double. Dans le roman Mirror Lake (2006) d’Andrée A. Michaud, ce phénomène d’identification est exprimé au moyen d’une réflexion sur la métempsychose, tandis que dans le roman de Louis Hamelin, Un lac le matin (2023), Thoreau devient un personnage familier grâce à sa relation particulière avec un Franco-Américain nommé Alex Thérien.
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Pinheiro, Bruno. "Jogando com imagens: as disputas sobre os sentidos da capoeira na revista ilustrada O Cruzeiro". Artcultura 20, n.º 37 (12 de diciembre de 2018): 157–69. http://dx.doi.org/10.14393/artc-v20-n37-2018-47247.

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Resumen
As fotorreportagens “Delinquência juvenil” (1 fev. 1947), assinadas pelo fotojornalista Jean Manzon e pelo jornalista David Nasser, e “Capoeira mata um!” (10 jan. 1948), do então fotojornalista Pierre Verger e do folclorista Cláudio “Tuiuti” Tavares, são analisadas como parte da continuidade dos debates em torno da descriminalização da capoeira, ocorrida em 1937. Na primeira, evidenciam-se os modos de representar o tema que eram populares no período anterior a 1937, em que ocupava quase que unicamente as páginas policiais. Na segunda, estão presentes as formas difundidas nos anos seguintes, quando a capoeira migrou para as páginas de cultura. Após delinear as filiações visuais e intelectuais dos autores nessa disputa, seus conteúdos serão aproximados às representações da capoeira que permeiam o romance Capitães da areia (1937), de Jorge Amado, tomado como referência comum a ambas as publicações, buscando explicitar os limites das narrativas jornalísticas sobre a temática. palavras-chave: cultura visual; capoeira; relações raciais.
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Hickman, Roger. "Max Steiner". Journal of Film Music 9, n.º 1-2 (24 de febrero de 2022): 121–27. http://dx.doi.org/10.1558/jfm.20238.

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Resumen
Max Steiner provided music for over 300 films during a distinguished career that extended over three decades. He is justifiably celebrated for his scores in multiple film genres, including historical epics, romances, horror movies, and dramas. Less well known are Steiner’s contributions to film noir. Yet he is a leading composer for this dark trend in Hollywood filmmaking. Three factors go into this assessment: the number of noir films that he scored, the prestige of those films, and the overall quality of his music. The span of Steiner’s noir composition is nearly identical to that of the era itself, which is generally defined as 1940–1959. Depending on which films are viewed as film noirs, Steiner is the third or fourth most prolific composer for the genre. Among these are classics such as Mildred Pierce, The Big Sleep, Key Largo, and White Heat, a roster of noir heavies unmatched by any other composer. For the most part, his music for these films consistently reflects traits that we associate with Steiner’s other film scores. This overview focus on two qualities in these films: the use of pre-composed music and thematic material as characterization. Included in this survey are Steiner’s scores for Mildred Pierce, The Woman in White, The Beast with Five Fingers, City for Conquest, and The Death of a Scoundrel.
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Zamith Cruz, Judite. "Marina. Lucchesi, Marco. Santo André (SP): Rua do Sabão, 2023". EccoS – Revista Científica, n.º 67 (18 de diciembre de 2023): e25392. http://dx.doi.org/10.5585/eccos.n67.25392.

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Resumen
Jogo de espelhos e palavras Analogias duma beleza transitiva Foi entre “formigas e cupins”[1] que descobri e inventei por “ver” o que lia. Do jardim a casa, numa aprazível “distração”, li Marina (do latim, marinus, “marinho”). Se ia em busca de cupins, absorvi-me logo numa bela atividade intrínseca de “ler” a natureza humana. Os estados/processos emocionais deram-se ao meu sonho acordado, frente à lua cheia. Por contraste mínimo, o que acontece no sonho propriamente dito é antes uma não narrativa, uma dissociação não controlada, exibida a superfície de fundo inacessível[2], graciosa alternativa criativa à “associação de ideias”. “O sonho de uma sombra”, em Píndaro (522 – 443 a.C.)[3], foi a ofuscação da “verdade” nua e crua. O sonho e a fantasia permitem a estranha fragmentação da sequência do pensamento escorreito, quando se experiencie a realidade de All-Self (ser com tudo em redor). Um efeito é imaginarmos sermos nós aquela “estrela” e recategorizamos algo num “todos juntos”, “transitarmos”[4], sem fixação, encontrado “tudo em tudo”[5]. “Somos plurais”[6] e mutantes sem “coerência”. Colocado a par o ser e o não ser, dada a aparência de Marina, numa superfície lisa refletida, convoca à reflexão que muda, quando “… todos querem, buscam, sonham com você”[7]. Na afirmação do narrador, Celso, é partilhado o desejo de alguém ou dele com “você”. Num detalhe ora geral, ora específico, algo dela poderá ser comparável ou semelhante a outra coisa, uma analogia. No encalço dela, Marco Lucchesi acompanha-nos no “eterno retorno da leitura”[8], trocadas cartas entre Celso e Marina, na década de noventa do século passado[9]. “Rasgadas”, anos passados por ele, entendidas “inúteis e vazias”[10], tendo ela dirigido um e outro e-mail inúteis, para “confissões”, via ”correspondências”[11], em que culpas confessadas nem sejam alheias a “amores mortos”[12]. Anteriormente, Celso chegaria a procurar Marina em “mundos improváveis”. Em locais de sua casa, a falsa presença, inviável, “tão querida”… Possivelmente desejada, chega a ser atingido o paradoxo da perenidade da vida, no espaço exíguo, amor eterno. Marina encontra-se em quase tudo[13]: “Digamos: a) no terreno baldio das gavetas; b) na agenda que perdeu a validade; c) nas fotos inquietas de um álbum (andorinhas em queda: sem cola, pálidas ou saturadas); d) no velho sótão que não tenho.” Como se “pousássemos os pincéis”, em continuidade, o modelo analógico varia no tempo… O escritor acrescenta: “nosso passado é analógico”[14]. Celso escuta cantos, sons e silêncios (a música “dela”?), no aparelho de rádio analógico... “Analogia”, nas nuances de significado no dicionário, são uma entre outras. E dada a representação de um objeto assemelhar-se ao original, pode Marina ser “pintada” em eternas obras de arte. “Vejo-a”, no que vejo e no que leio: “Coroação da Virgem”, de Fra Angélico (1395 — 1455); “A Madona de San Sisto”, de Rafael (1483 — 1520) … Escolho logo a bela Gioventü, de Eliseu Visconti (1866 - 1944). Figura nº 1 – Óleo sobre tela, Gioventü, de Eliseu Visconti (1898) Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Giovent%C3%B9 Mas é em Candido Portinari[15], numa obra de 1957 – “O menino com pássaro”, que a voz e ela… se me apagou. Seria recolhida e cuidada por aquele que a encontrasse. Figura nº 2 – Elemento de obra de Candido Portinari (1957) – O menino com pássaro Fonte: https://www.wikiart.org/en/candido-portinari/menino-com-p-ssaro-1957 Numa analogia, a figura oscila de forma contínua, entre passado e presente, imparável no tempo. Sem comparecer perante Celso, também ele num não-lugar se quedou[16]. Os seus braços, “irredentos do todo”[17], vivido um “como se…”, avançariam o distanciamento/estranheza[18] face ao espelhado “teatro de sentimentos”. Fora Marina ferida? Num “jogo de espelhos e palavras”[19], “escrevo por espelhos reticentes, com frases e lacunas movediças” …. “Estendo as mãos para o espelho…”[20]. “Refletida” a escrita em processo, encontro Lucchesi solto no outro. Nos seus termos, a palavra “espelho” dará lugar ao oculto no “jogo de espelho, analogias”[21]. Quando a reflexão teria ainda o Sol no “espelho”, o encontro de ambos jorrava luz. Perdida a década de oitenta, o que é dado, antecipado[22]? Novas luzes e sombras. Celso e Marina foram inicial “espelho de paixão”. Seguiu-se a brecha na paixão. Num salão espelhado da paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, em 1507, vejo uma figuração pintada por Hans Schäufelein. “Herodes” deu lugar à figuração doutros maus tempos, no “Espelho da Paixão” (Speculum Passionis). Cristo diante de Herodes, o malvado, que morreu com o Eclipse lunar. Num “reflexo“, o culpado, no julgamento em “Herodes”[23], convocara Cristo[24], um culpado. Eu sou o outro do outro eterno Eleia, às portas da atual Itália. Numa primeira estrofe de Poema, a expressão dum outro, Parménides (530 a.C. — 460 a.C.), para quem “deus” não foi gerado, existindo[25] ad eternum... A estaca foi colocada num limiar doutro lugar estranho, em Poema: “Aí se encontram as portas”. Talhada a via inovadora do caminhar, tendemos a cruzar linhagens para não nos perdermos. Nem tudo se desgasta e corrompe, com Parménides. No rumo incerto, outra conquista do explorador Ulisses[26], foi ter encontrado o retorno? Ulisses, Celso, Alice, Marina… Pierre e Natacha, Tristão e Isolda. No desencontro, Molly e Leopold ou Eurídice e Orfeu ... A ficarmos “aos pés da biblioteca”[27], a ler vidas nas figuras centrais, estas oferecem um recuo[28]. Abrem portas. Eternas personagens, nem todas juvenis. Celso, o narrador? Alguém que já teve um “matagal” de cabelo perdido, que “nasceu no coração [uma floresta, cabelos…] … com espinhos” - “O elogio da calvície” [29]. Outra personagem de Marina, Alice, foi um exemplo de ajuda, porto marítimo, seguro, onde atracar? Substitui, sem substituir Marina? Alice adotará, também ela, o enigmático porte de “Gioconda”, “a senhora Lisa, esposa de Giocondo”, representada por técnica do sfumato, de Da Vinci (1452 — 1519). Foi seu o “vaso”[30], que Celso amou - “vasos quebrados” [31]. Acresce que “Alice e o vira-lata branco” encontram-se ambos registados num “resumo” de carta[32], em união, bem juntos. Bem articulado no pensado é o que a carta diz e não diz. Mas quem será aquele outro vira latas? Marina ainda pede foto da outra – Alice[33]. Num e-mail registado: “Se puder [você, Celso], mande-me fotos ou vídeos de Alice. Tenho por ela um profundo afeto. Lembro-me de seu sorriso, ao piano”. Será verdade? Uma inquebrável lembrança de Celso, uma só vez, Marina tocara piano com ele, a quatro mãos[34]. Celso poderá ter reparado (n)o vaso, a dado passo. Pode ter tido outra imagem fixada à Alice, de então. Seria aquele vaso que “amava”, ou Alice[35], uma figura magnética? “Para fugir de mil perigos”, a quem não faltou Alice? Alice usou “ampolas e unguentos, magos e poções”[36]? Cuidadora, Alice, com Celso, representado nos rapazes com pássaros feridos[37]? Em suma, pareceria a Celso não existir punção operada ou poder maior, quando os relacionamentos morrem, ainda que os vasos sejam compostos de cacos que se colam: “Não posso reparar o irreparável”[38]. No entanto, Celso conhecia a técnica das peças coladas do Japão - a técnica do kintsugi[39]. Observou, até mesmo o outro vaso por si trazido com os gerânios, da sua antiga casa… “Distancia que se perde. Vaso que se encontra…”[40] Na ficção, a fiação tudo interliga “Vimos a fiação que tudo interliga. Semântica e sintaxe”[41]. Dos golpes de génio ficcional e da sangrenta História, Marco Lucchesi concebeu comparações, em que “mudam as guerras”[42] e as linguagens. Numa realidade de rapto, guerra e paixão, o poema épico transcende o amor passado que eterniza. Homero fundador da literatura ocidental, numa autêntica carnificina, a incerta “Guerra de Troia”, contou com Ájax[43] dentro do cavalo, dando guerra (infinita)[44] a Heitor, o destemido troiano, incapaz de lhe perfurar o escudo. A guerra teve que ser interrompida ao pôr do sol, intervindo Apolo. Do inicial “pomo de discórdia” entre deusas até aos feitos, nove anos passados em guerra, Ájax é “muralha”. A Ilíada evidencia que esmagou o escudo de Heitor, com uma só pedra. Quem sabe se Celso seria uma barreira inexpugnável, de tão “glacial”[45], que se tornou? Numa contenda, para o romance histórico, de 1865 e 1869, Liev Tolstói cruzou aqueles que se amaram, na passagem do Grande Cometa, em 1811: na invasão napoleónica, em 1812, a personagem recorrente, Pierre encontra-se com a bela Natacha, aparentemente apaixonada por Boris, amada por Denisov. Como foi possível a “guerra sem paz”[46]? Celso e Marina viveram dessa “Guerra de quase e talvez”[47], no que foi a “guerra que nos mata”[48]. Lendários amores infelizes e apaixonados, trágicos, na bárbara Idade Média (século V a século XV)? Tristão («tristeza») e Isolda (“das mãos de fada”)[49]. E o Rei Marcos que a perdeu[50]. Guerras nos ensaios não-ficcionais e nas ficções. Já a estranha paixão da cantora Molly e Leopold termina com o “sim” dela, apenas num solilóquio. O corpo de Molly – no livro de James Joyce - seria “sensual”[51], no que ressalta o “incêndio” interior. Divergências? Foi numa dada “tarde”, vinte anos passados, que a caixa eletrónica de Celso recebe um primeiro e-mail de Marina. Iria acabar com a guerra entre ambos. Não parece de comparar com a ficção? Marina e Celso encontrar-se-iam no fim da “guerra fria”[52], em data marcada pela queda do muro de Berlim, 9 de novembro de 1989. Numa Rádio Londres, com “mensagem de Inglaterra aos aliados”, durante a longínqua Segunda Guerra Mundial, ele passava a escutar outra transmissão no rádio bem comum, no sistema analógico. Um sinal da mensagem dela, vulgar. Metáforas básicas da descrição do real Quando se coloque uma figura de estilo, cujos sentidos figurados utilizem comparações como a “metáfora do corpo em lua cheia”[53], é a Lua “tão nua e desarmada a vaporosa Lua”. A pessoa é então toda inteira, se bem que a Lua seja fragmentada noutra fase lunar. Damo-nos a facetas diversas, também. E a não ser a transição de fase a mesma daquela grande lua, Marco Lucchesi ainda afrontou a perda irreparável de parte dela, por Celso, num desaforo: “se você esperava tapetes e fanfarras, perdeu a viagem. Abandonei a timidez, digo o que penso, e sem rodeios.”[54] Dada a acentuada guerra entre Celso e Marina, ao referencial “real”, preferi antes juntar à lua a palavra “viagem” e a palavra “mundo”, no que coloco mais do que o que (a)parece – numa alegoria. Assim, na minha perceção subjetiva, uma fenomenologia, ocorreu algo mais a aprofundar. Nessa viragem, limito mais do que o que se me abra à fixação de “guerra”, quando se sucedam figuras de estilo, no livro[55]. Num jogo de linguagem, retiro a desafogada imagem concreta: o passeio na praia, junto da Cinelândia e o que faço? No termo metafórico duma “psicologia de viagem-vida”, encontro logo ali o figurativo, portanto, com os rodeios à casa velha de Celso, com os eventos no trânsito, com as margens do mar face à praia. Meios mundos são a frente “subaquático”[56] e outros territórios e sítios. Poderia convocar imensos espaços de transição, imaginando[57] além de um “mundo submarino”[58]. Lucchesi tantas vezes observa “estrelas”, algumas “estrelas não promissoras”[59]… Voltando ao avesso, na Terra, à “viagem à roda do piano e do quarto”[60], essas são breves viagens e têm fim. Contudo, é dada à incompletude a infinita “viagem à roda dos teus olhos, punhado de beleza, informe, passageira”[61]. Numa estranha viagem de recuo (na revirada do avesso), focada uma “correspondência” sem troca, é de antemão inviabilizado o “sim” e a chegada a bom porto[62]? Da presença na ausência de Marina: tempo de sonho e pesadelo Como “resumir” os “20 anos”[63] de afastamento? Um desapego de “dez mil dias”, após o “terremoto”. “Dez mil dias” sem se falarem? Pretendo dar forma ao texto, quando pense que uma correspondência convencionada abranja reciprocidade e presença, ainda que evitada a “literatice”[64] e o “episódico”. Não “agradará” ao narrador contar das cartas, para se livrar efetivamente delas. Ameaça que irá “destruí-las”. Celso foi intempestivo, aquando do primeiro e-mail de Marina[65], após aqueles vinte anos de alheamento dela… O livro Marina reproduz a reduzida “novela”[66] de singelas cartas e e-mails. Passado o texto a pente fino, no segundo e-mail de Celso, este redige uma desculpa: “Perdi tudo, não sei como. Preciso de um novo computador. Como se não bastassem formigas e cupins. Obstinado, insisto e recupero apenas uma parte”[67]. Numa convencional “não-narrativa”, coloco a tónica na congruência e na intencional, quando seja a “dissonância”[68] desarmante de “lirismos”. Alcançada a agressividade, a crítica mordaz, a sagacidade e o ardil… Frente ao quebra-cabeças, pede-se abertura (de espírito), quando se leia o “romance de ideias”, no pensamento do ser (em Parménides e Heidegger). Na dimensão emocional, a obra de resiliência traz-me a consciência da artificialidade da ficção. Cubro de culpas a protagonista Marina. Coloco logo a poção de amor viático, um mantimento para sustento num “líquido destino”[69]. Logo passa a parecer-me que “essa viagem nunca termina”[70], numa entusiástica volta no carrocel do mundo, num “eterno retorno”[71]. Essa segunda vez que é nomeado o eterno, dá-me esperança, ainda que Celso assuma: … “não quero este destino circular”. ~ E eu quero! Se o “nosso encontro não estava escrito [no destino] … Não houve um deus a decidir nosso destino, nem brilho de uma estrela promissora. Deixámos simplesmente de escrevê-lo [ao destino]”[72]. Escrevamos o que desejemos, então, por linhas tortas. Há ocasiões, em que um sonho se repete e elucida algo[73]… As produções estéticas de artistas foram os produtos de imaginações, ainda que acreditassem ser ajudados pelo diabo, por um santo ou pelo próprio sonho avassalador e as visões enigmáticas. Giuseppe Tartini (1692 - 1770), William Blake (1757 - 1827) ou o cavaleiro Adolf von Menzel (1815 - 1905) são exemplos elucidativos do pensamento mágico dominante, nos séculos XVIII e XIX. Há quase 100 anos, o psicanalista Carl Jung[74] escreveu o seguinte, com um sentido determinista do sonho: “uma experiência anómala, que não é compreendida permanece uma mera ocorrência; compreendida torna-se uma experiência [humana excecional] vivida”. Uma característica desse tipo de experiências únicas é serem inefáveis, mal descritas. Inefáveis ilações, na sombra que vira a luz? Posso recuar atrás, ao sonho e ao tempo de Píndaro[75]. O que alcançou aquele da Verdade, quando viveu entre 522 e 443 antes da nossa era? Com Píndaro, ficou assente que “[no humano] sonho é uma sombra”. Assim colocado, “sombra” opõe-se a brilho, a luz, quando a “verdade” seja ofuscada, esboroada na obscuridade. E na medida em que seja ausente um sentido puro para as palavras, damo-nos a alegorias, a metáforas, da “transparência” da palavra, da luz ao sábio recuo paradoxal. Possa o sonho ser “iluminação”, tal Marina, duma “beleza transitiva”[76], entre as luas cheias. Marina conforma aquilo[77], o deslocado pela sombra, quando fuja a juventude, na transitória impermanência. Que espelho da “verdade”? Logo na primeira configuração, se o par não foi (ou foi?) um “espelho inverso”[78], Marina chega a ser retratada no vidro fosco, na “transformação [dela] num espelho”[79]– “uma Gioconda cheia de segredos”, representada pelo impressionista Eliseu Visconti, em Gioventü. Indecidíveis formatos. Como abordar palavras guardadas num “poço” que, a ser “raso”[80], sempre igual e espalmado, lembra o “infinito” do “abismo (líquido)”[81], entre duas pessoas que “comunicam”[82]? 2 Analise textual de marina O método de analisar textos “Coerência” traduz a ideia, cunhada pelo psicoterapeuta Carl Rogers (1902 – 1987), em que o participante apresente um relato de experiência bem estruturada - lógica, a faceta cognitiva e interpretativa, uma significação de peso na experiência “arrumada”. Na narrativa literária, a noção de “coerência” coloca-se, no antigo Dicionário de teoria da narrativa[83]: “texto como unidade no processo comunicativo, resultante de intenções e estratégias comunicativas específicas, ele é também um texto semanticamente coerente... elementos recorrentes… não integralmente redundante… progressão de informação no interior de um texto … na ‘enciclopédia’ do recetor”[84]. Na nova literatura, Marina alude o “vórtice” do redemoinho amoroso de Celso e Marina, o forte movimento do “terramoto” bem rápido, cruzado com a empolgante sonoridade das bravas ondas. Marina retém uma imensa fluidez, em torno dum eixo fixado ao vórtice entre ambos. Sorvida a voragem sentimental no turbilhão do mar, noutra asserção a “vórtice” – um turbilhão, o fenómeno “incoerente” trespassa a vitalidade dos movimentos guerreiros de “homens”, nos tempos atuais. Onde encontrar uma “secreta harmonia”[85]? Em mulheres, no desaguisado com homens? “Sem que você soubesse, caminhamos lado a lado”[86]. Seremos bem menos coerentes do que se pensou, tanto mulheres quanto homens. Todos nós, humanos, somos sujeitos de analogias. Com o “corpo inelutável”[87] de Marina, que foi o “corpo em fuga” e se encontra ao lado do seu, Celso é já do outro lado. Seja que suba ele à Tocata e Fuga em ré menor, de Bach[88]? A inconsistência é presente na ausência de outrem. Outra mexida foi dada ao mundo amoroso, com as híbridas histórias-ficções, realidades e alternativas. Na alternativa ao modo de organização de “identidade do ‘eu’ estacionário”, sem fluidez de maior, teríamos a fixação eterna. Um risco pode ser nem encararmos a vida sujeita a contingências/acasos – o sem ganhar folgo, “… e, de repente… o sobressalto”. Em Marina, o leitor transcende o sabido (ontológico) e o instituído “romance”, o que não pressupõe que todos os planos sejam antecipadamente traçados. Não sabemos se Marina nos deixou. Ela foi a “glória de um destino”[89]? Um famigerado destino? Um Deus não decide do destino do par amoroso[90]. “Desconheço a direção [do futuro, indeterminado]. Soubesse de uma senha [mágica, um código … e o controlaria Celso. No fluxo permanente de mudança, já o passado e o devir são escapes [na aparente “fuga”], uma “disfunção” no presente [na fantasia inviável]. Porque não viver o aqui-e-agora? Amplificado o tempo, a “hipertrofia…”, é inviável a luta interior, “contra a qual luta o presente”[91]. “Deu-se por fim a glória de um destino. Porque, Marina, os relógios não morrem”[92]. “O vento segue os rumos do destino [ou da predisposição de sorte]”[93], tão mais improvável do que a precisão do tempo dos relógios. Abordagem narrativa na psicologia Numa aproximação literária, na psicologia narrativa, “as personagens são os elementos permanentes que sustentam o desenrolar do enredo”[94]. Nem as personagens fogem, nem restam fragmentadas, na “transparência da voz”[95]. Quem fale no esqueleto narrativo, pensa em episódios de um “guião” (scripts) identitário ou coletivo e, para a “narrativa de perda”, em Celso, congrega-se uma “organização de significado”, no que dê conta de mudanças dessa organização afetiva e psicológica, tão frequente e intensa de privação, podendo tornar-se duradoura ou reatar uma mera ocorrência súbita. O presente texto sobre Marina apresenta “fenómenos” talhados. Dito de outro modo, dá corpo a “ideias centrais, ao happening, ao incidente em torno do qual um conjunto de ações e de interações são dirigidas, com vista a serem reconhecidas, geridas e integradas, ou com as quais um conjunto de ações se relaciona”[96]. Numa forma de encontrar e descobrir ocorrências, farei um parêntesis para o que sabemos de um autor. Na sua suspensão de ideias feitas, como nos “lugares comuns”, nos “hiatos” e nos “silêncios”, o que “lemos” nos não ditos, sem um código? Para o efeito enredado, temos a ajuda de comparações constantes, numa “codificação aberta” do texto. Utilizam-se atributos/características para as palavras todas inteiras e para a variabilidade de significados não ficar de fora. E as “palavras (sem) envelope”, plenas de pregnância e fugidias, impõem afundar numa rigorosa análise linha-a-linha. Haverá ainda que conceber dimensões gerais, para “linhas-da-história”, duma ou doutra mini narrativa ou história, em Marina, o “tempo eterno” e o imparável “relógio dos ponteiros”; a vida e a morte; a terra e o mar, a nuvem e a pedra, o fogo do amor e as suas cinzas… Ao “questionar” os dados/textos, no aprofundamento que se justifica, efetuam-se as aludidas “comparações constantes entre fenómenos”. Da projeção, da narrativa e do episódio Em Marina, identificam-se esparsas narrativas míticas, nas guerras e nos amores. No amor, o “projetado” Orfeu[97] chega a parecer ser Celso, na sua ânsia de que Marina não morra …[98]. Celso poder-se-á sentir, noutra volta, um Marcus[99], chegando tarde, perdida Isolda, amante de Tristão[100]. “Pobre rei Marcos. Tão tarde descobriu o desamor”[101]. Marina não é escrito na primeira pessoa, autorreferenciada. Discriminada a faceta “projetiva” (ex.: uma pessoa não específica ou segunda pessoa, outros, alguém de quem se fala ou escreve): Marina ou Alice descobrem-se entre uma “Gioconda cheia de segredos”, uma Molly, o “verbo infinito”, na “voz” da cantora. Um eco repetido da voz dela, Marina. O narrador e Marina “nadam no monólogo de Molly”[102]. É preciso dizer que “não sei até que ponto lembro da tua voz [Marina]”[103]. Dito de outro modo, Celso mal se recorda do que Marina “disse/diz”, repetidamente. Falhou a voz e “deixou de dizer”[104]. Por seu lado, os episódios reais reportam-se às mínimas ações/interações, as quais podem ser relatos de experiências significativas, por vezes truncadas nas premissas, donde a maior ou menor coerência lógica ou consistência lógica. Quando as palavras chegam a mudar de estado, digamos, aluadas, tornam-se “líquidas, turvas, transparentes”[105]. Passam palavras estranhas pela fluência de selves (“múltiplos eus”, mentais e subjetivos), transformações identitárias. Apreender-se-ão coerências doutros implícitos, aspetos tácitos e inaudíveis da daqui e dali. Narrativa episódica A partir dos fenómenos esparsos, no grosso volume da vida, alcançamos registos de realizações pessoais e dos impedimentos, destinos e acasos, sortes e desaires. Foi a partir dessas constatações que distingui os fenómenos de meros episódios, nas narrativas/histórias, que lembram “todo o texto mostrar de forma holística as cognições e os processos emocionais do autor”[106]. O que se designou de plot (na língua inglesa) para um “episódio”, portanto, vai de encontro à narrativa, ao deparar-se o leitor com uma sequência de eventos ao longo do tempo (“sucessão”), para um “texto”[107], mesmo no mínimo “enredo”[108]. Na forma bem estruturada, visou-se o elemento sequencial e dinâmico, na literatura (na lógica, “gramática” ou “sintaxe”), considerado o episódio o “único esqueleto indispensável” e “menos variável”[109]. A variabilidade de Marina encontra-se nas intercaladas unidades de significado/segmentos de tópico, nas breves temáticas, as quais identificam a substituição de conteúdos, nos registos escritos por Celso. Acresce haver processos narrativos de vários modos evidenciados, no sentir, no experienciar e no pensar: a “descrição externa/concreta de acontecimentos de vida (atuais ou imaginados / passados, presentes ou futuros); a “descrição interna experiencial” (subjetiva), de episódios/narrativas, com a identificação verbal de “reações afetivas e/ou estados emocionais” (ex.: “triste”, “zangado”, “frustrada”, etc.); e a “análise reflexiva/interpretativa da descrição de eventos e/ou da experiência subjetiva, sendo os eventos presentes, passados ou futuros”[110]. No primeiro domínio narrativo, a ênfase no sentir alcança menor complexidade do que o experienciar (interno) e o refletir/pensar. Episódios mínimos Após o desenlace por afastamento, surge um episódio elaborado quase no final do livro. Possui a tónica na conduta de Celso, antes da adesão ao refletido, somente após a imersão interior num quadro e num cenário: Episódio - Título Promessa de calor na aflição dela: “Antes do amanhecer, sacudo meus ossos na areia. O mundo frio no vapor das ondas [do mar], enquanto o sol desponta, bem depois, nas rochas que me vedam o horizonte [limite]. Sem que você soubesse, caminhamos lado a lado. Não sei até que ponto lembro tua voz. Tudo que diz e deixa de dizer [adiante, eco repetido]. O modo, sobretudo a transparência da voz. Como o menino e o pássaro de Portinari. Te vejo, assim, ferida, a proteger-te. Promessa de calor. Será difícil atravessar a noite (p. 91). Registei outros episódios relatados, com mais de “vinte anos”, exceto o primeiro, possivelmente mais recente: (1) Aflições de Celso no mar[111]; (2) Celso e Marina nadaram no mar e, sentir-se-iam “alegres”, possivelmente ao saírem para a praia[112]; (3) “Mística do encontro” de dois “tímidos” (“dissemos algo escasso, imponderável ... o clima, as gentes, a história”)[113]; e (4) Aludidos passeios de bicicleta[114]. Na narrativa criam-se então replays de experiência, quando se atenda ao “eu” subjetivo frente ao quotidiano, a rituais e a “inéditos”, como nos encontros a dois. Somente o episódio de Celso sozinho e aflito no mar não correu bem. Será invencível o revolto mar e a doença de coração: “… ao dorso da onda fria, apressa o coração”[115]. E se é tremendo o risco de morte no mar bravo, não é impossível lutar a dois contra o tempestuoso. O que nem quer dizer deixar de ter mão para apagar aquela ou outra terrível imagem recordada. Afinal, qualquer um sonha com “você”[116]. Ora aquele primeiro “episódio de ‘sonho’”, mas pavoroso, é ilustrativo do mundo irreal, na forma “narrativa”[117]: “um belo dia quase me fui na onda[118] de seis metros. Eu me livrei a muito custo. Um sonho breve que o sal interrompeu. Vantagem provisória...” é acordar. Já o fustigou o voraz turbilhão real da ameaça e perigo no medo da morte dela, quando volte a passar ao mar… Deixar de ser, naquela praia – que “quase levou” Marina … e que é a mesma praia, que “seduz” o narrador[119]. O perigo de afogar-se na praia é real e irreal. Anotei ilações, decorrentes interpretações do texto, nas expressões do autor: (1) Risco frente ao mar[120]; (2) Juventude, em que se possa morrer com alegria[121]; (3) Encontros, fruto de “um milagre matemático… acaso e o seu mistério”[122]; e (4) A bicicleta que “morreu”[123]? A bicicleta? Um indicador do encontro com Marina: “Passeio de bicicleta. Voa o vestido azul. Essa viagem nunca termina”[124]. Noutra apropriação do contexto, o par poderia [ver] “baleias”, ao longe, “delicadas” [125], quando iam pedalando na “bicicleta” … Num contrassenso forjado na comparação, a bicicleta dele era um “cavalo”[126]? Antes dela “morrer”[127], melhor dito, “enferrujar”[128]. Na transição de pensamentos, afetos à morte: “Não há resumo para a última carta. Porque esta é uma carta definitiva. Porque se trata da morte de Marina”[129]. E adiante: “Imploro, Marina, que não morras antes de morrer”[130]. Ficaria ela sem maior sentido de vida? A viragem de alegre “surpresa” chegou a ser concebida, numa anterior “carta destroçada”, restos do que ficou dentro do “caderno escolar” e “cujos pedaços recomponho num mosaico bizantino”[131]: “Carta de amor (desesperado) que rasguei: “...pousa nos lábios uma estrela... secreta harmonia... deserto amanhecer... teu corpo inelutável... lagoa iluminada e seios úmidos... bosque sutil... pequena morte... jogo de espelhos e palavras... teu rosto desenhado no meu peito... à mesa um copo de absinto... duas palavras e voltamos a dormir... infame precipício...” (p. 86). Os procedimentos de análise de experiências são guias de leitura, no que prendem o elucidado “desespero”, o isolamento e o limitado prazer de Celso, quando a vida pudesse afigurar-se um pesado fardo, irado contra Marina, contra o violento mar, o amor eterno… A súmula de alegria - a “surpresa” … Num resumo analítico[132], estabelecem-se relações entre um fenómeno, no sentido da conceção de um episódio. Donde, uma ilustração de seis fatores envolvidos, no episódio Promessa de calor na aflição dela[133]: - Condições causais antecedentes, para a ocorrência reportada (antes do amanhecer, já levantado Celso da areia da praia onde dormiu, ao despontar do sol); - Fenómeno per se (“sacudidos ossos” ao sol, no limite do ser, entre eternas rochas, com a ausência de Marina); - Contexto (a praia junto ao mar ensoleirado); - Estratégias somente idealizadas de ação interativa (ser tomada Marina por indefesa a proteger, no que Celso escreve da sua possibilidade de “ajuda”); - Condições intervenientes (quadro “menino com pássaro” de Portinari…), - O que constrange ou facilita o incidente/fenómeno (recordações de encontros com Marina, num local partilhado e o fenómeno de imaginar um quadro) e - Condições consequentes (a dificuldade de continuar pela noite, sem a presença de Marina e a fixada promessa de calor humano). Nessa leitura duma abstração da experiência, um episódio pode ser idealmente estruturado, se bem que escapem as estratégias de ação interativa. Noutra margem encontram-se a filosofia (de Parménides e Heidegger), o jogo com textos míticos (Ájaz, Rei Marcus…). No “romance de ideias” de Marco Lucchesi, são vastos os domínios de conhecimento. Com o autor aprendi que, ao não aceder a “coisas em si”, tenho as coisas para mim e, talvez, nos apareçam amores e guerras, por prismas do entendimento e da sensibilidade. Dos fenómenos - as aparências - “O que sei?” No quotidiano, sei que vivemos de forma a criarmos conexões entre inauditos episódios, flashbacks, substituições de interesses/temáticas nem buscadas, redundâncias e omissões (como “lacunas de memória”), numa apreensão do que nisso assuma perene “relevância”. O núcleo duro, o “essencial”[134], segundo o autor? “Perdemos as palavras essenciais”[135]. Perdemos “baleias” naquele mar alto, enferrujaram-se as “bicicletas” e desapareceu o “corpo feminino em fuga”[136]. As cartas dizem muito “mais do que parece”[137]. 3 Do mundo poético “Tornei-me um leitor de Parmênides”[138] e de Heidegger No mundo eterno, Parménides colocou o “motor imóvel” do tempo, o “livre-arbítrio”[139], o “cálculo integral”[140] … “causa e concausa”[141] … “tudo em tudo”[142]… Bastará “puxarmos o fio…”[143]? Numa passagem paradoxal da breve (?) “novela”[144], logo vemos como “tudo muda” no (des)encontro, a par de “rádios, guerras, amores”[145]. Não há confissão, não há reparação, na “narrativa não projetiva”. As “narrativas” antes partem dela[146], nos “lugares comuns”[147], registados nas mensagens. O que procura despertar Celso? “A voz de quem morreu, não as histórias”[148]. Bastaria o alcance da superfície, na “voz” dela[149]… No início de Marina, nem se espera a finalização do encontro. Não é desejado o fim do amor. Um mal irremediável. Terá morrido? Obra de “criatividade” dissonante face a espectativas de cartas de amor, Marco Lucchesi coloca-nos a margem de manobra, uma deriva, mudado Celso em permanência e, nesse sentido, as suas posições emocionais básicas são sublevadas e revoltosas, sublimadas, substituídas. Existentia, como a explicitar? Quando numa página inicial, não numerada, o autor nomeia um filósofo italiano, Emanuele Severino (1929 - 2020), que escreveu sobre Martin Heidegger, que exploração de fenómenos “metafísicos”? Martin Heidegger[150], de que trata? Li algures que Heidegger se interessou por “atualidade, realidade, em oposição a possibilidade concebida como ideia”. Ser é a totalidade do que existe. “Aí onde está cada um de nós” - da sein, seria o lugar da nossa presença, duplicada pela sombra da subjetividade. Subjetividade é o vivido que torna algo maior, quanto dá à presença novas formas afetivo-cognitivas. Mundos universais musicais Tenho aquela “vontade” de mudar o passado[151] e de criar uma ideia prospetiva de florescimento. Do mito de amor a Marina, nem estranho virem três damas dar uma flauta a um príncipe, Tamino, que buscará a sua amada. A harmonia da música condensa o “universal”, atingidos géneros e variadas “vozes” trocadas, na “Flauta Mágica”, de Mozart (1756 – 1791). O poder unificador da música é uma metáfora para o príncipe neutralizar o mal. Outra das óperas que acompanham Celso? A ópera de Verdi (1813 – 1901)? Recuo, à procura de La forza del destino, de 1862, cantado por Galina Gorchakova. Será que soubemos escutar o ciciado na voz da atualidade e o que nem se abra ao previsível, no acaso, sem destino[152]? Vozes pessoais de visionários? Na aparência, as palavras são soltas numa poéticas. Meia página abala o leitor. Meia página, umas quantas linhas de “voz”[153] , “voz marinha”, vinda do mar, submarina. Marina. Na “poética da dissonância”, fica aberta a superfície ao “espaço descontínuo”, criado por Lucchesi para ela[154]. A inatingível voz dela? Não sabemos. Na aceção do termo “fragmento”, Heidegger sublinharia essa origem deslocada de textos únicos e incompletos, que deixam espaço por concretizar. Escritores como Lucchesi, coligindo fragmentos, escapam às “correntes literárias”, “movimentos identitários” e “evidências” repetidas. Um significado de recusa de continuidade no vestígio escrito, fragmentado, foi adquirido no mar, que não é terra firme. Todavia, com “intencionalidade”[155] na voz, “nunca poderemos deixar o mundo, o que nunca deixámos”[156], o mundo terreno. Numa particular fenomenologia[157], poder-se-á conceber a “suspensão de julgá-lo”. Como não julgar o mundo do pensamento oblíquo, da metafísica passada? Ficando pela rama, na área concreta, terrena (não marítima, à beira mar, o que “sobrenada” ...). No que importa, não estamos nós fora de água? É de todo difícil alcançar maneira de arrancar o “pensamento de superfície”, também a superfície da página de Marina encante, pela superfície que cobre os reflexos incessantes, os jogos de reflexos, como ilusões e evasões, que surgem e desaparecem. Se não for atingido o que aparece antes do fundo das letras, ficamos aquém de imergir: foi muito antes que Parménides e Heidegger viveram. É preciso dizer que a superfície não se confunde com a aparência - a realidade energética, a dança terreste, da vida dançante[158]. A máscara de Marina já arrasta a ilusão do que aflora (a superfície) – a “transparência da voz”[159]. Esconde-se ela algures, no “re-dobrar” do seu ser[160]. A sua aparência causar-me-ia a diligência em “lê-la” a preceito. A voltar a Parménides e Heidegger, a profundidade[161] do livro dá antes a explorar o ser e as coisas[162], ao invés da superfície (mas com a superfície), a sua luminosidade. Quando a metáfora da luz (do dia, do Sol, da Lua promissora do brilho dos olhos verdes…) não encontra um reino perdido que persiga o ser, quantas ideias ficam subterradas e obscuras ao leitor? Foi a partir daquele ilusório mundo de reflexos (a superfície), que alcancei a incerta profundidade. Será o outro mundo (“marinho”) contrastado ao ilusório da realidade e ainda aquele outro mundo perdura, mutável e instável, matizado de cor intensa e de brilho ténue de águas passadas. Quanto ao retorno à superfície, ao aparecer, no emergir de novo, volta a agitação do mar emocional, que se ressente, no que permanece do eterno esvaziamento. Ficou um poço vazio daquele outro momento de amor ou do que dele reste nas rochas imutáveis. “Tenho por ela um profundo afeto. Lembro-me de seu sorriso, ao piano”[163]. Quando “aparecer é um compromisso metafísico”? A “metafísica” foi além de physis. Cientistas designam a metafísica de “especulação” de ideias, tantas vezes incertas, com que se debatam. O que se entende por “real” é, nesse segundo sentido, o que ultrapassa a “realidade” que conhecemos por perceção (inter)subjetiva. O real é um referencial profundo[164]e infinito; a realidade é o que conhecemos ou julgamos conhecer. Numa mediação poética para a metafísica, “aparecer” situa a presença original no mundo do ser, sendo que o mundo adote a incerteza na errância (e na morada no novo mundo). ~ Quanto “aparecer” vive acima da superfície e da aparência das coisas, é o ser que reflete um inóspito caminho de linguagem reflexiva, aproximativa e assintótica[165]. No ato de escrever, Marco Lucchesi delineou-me a possibilidade de especulação, a liberdade crítica e a ironia, abertas portas à metafísica fenomenológica. O existir em processo trouxera-me antes outros saberes e, nos espaços do mundo daqui, foi indicada a deslocação para a saída de “ex-” (em “existir”). Entretanto, aprendi que existir alcança o sentido de “pôr-se de pé”, de acordo com a etimologia. Num apelo a erguer-se (pondo-se de pé), já o próprio ser permanece em lugar recôndito, na condição de vir a aliar o desvelamento do ente – objeto, coisa, um ser, Marina... Outros “reivindicam” para si o “estar-aí” (da-sein), dito que todos “querem, buscam, sonham com você” [Marina], um corpo no que não “fuja”[166], na errância noturna. Consequência da fuga da luz? Será ela dada a “despertar” outra, a emergente Marina de Celso? Encontra-se ela ausente, no que seria de voltar a abordar a limpidez, a superfície, a “transparência”[167] da constelação “prometida” de dois seres. Uma forma de profundidade incompleta. Numa lúcida forma de escrita, patamar de sonho lúcido, Celso encontra-se em guarda. O narrador não deseja “despertar [vidas escritas]” … Talvez busque tão somente a “voz” dela, naquele eco, em que ressoa a limpidez, alcançará outra “voz”. A quem dar “voz”? A Molly, no seu solilóquio, na primeira pessoa[168]. Molly, uma inigualável cantora de ópera; Marina, de que nem sabe Celso se se lembra… da voz, dada à imagem fugidia na melodia, ao piano[169]. O que passou não se encravou. No ser em mudança, serão cristalizadas mínimas recordações, rareando “o caminho da verdade”[170], sem saída (uma aporia) tantas vezes paradoxal. Guerras dos mundos de ideias As ideias “verdadeiras” e as guerras de “opiniões” não se consolidam, nas correntes do paradoxo. Conjugam batalhas sem fim: Parménides e Zenão vs. Platão; Nicolau de Cusa vs. os que não cooperavam… Numa oposição ao seu tempo, questão cerrada e a descoberto, foi a permanência e a transformação. Parménides reteve a pura permanência, unilateral. Exigente na “ponderação”, Platão (428/427 – 348/347 a.C.) dedicou-lhe um diálogo inteiro - Parménides, em que Sócrates levou uma revisão verbal dum oponente, Zenão de Eleia (século V a.C.), para o efeito de inquirir o sentido do Uno, cujas “absurdas consequências seguem (ou não seguem?) em contradição com a referida doutrina”[171]. E se o ser é múltiplo? “Parménides”, um arauto da “revolução”? Esse é um ponto de um “resumo” do livro. Sendo que o germe da destruição estivesse plantado[172], que revisões foram geradas, a propósito das suas ideias? O que queriam mostrar os eleatas, com Zenão adiante das forças, o arauto da geometria e dos estranhos números, o infinito e o zero? Uma revolução, no conceito de tempo: fluxo constante e deixa de haver presente? O paradoxo de Zenão assinala o contrário à opinião recebida e comum, para o tempo virar uma sequência de mínimos momentos separados, donde vivermos o presente e a mudança ser ilusão. Quanto ao espaço? Sendo uno, não dá condições a haver “lugar” e “aqui”. No espaço fragmentado só há “aqui”, ausente o movimento. A revolução tem sentido no paradoxo, forjadas inesperadas dissensões. “Mudam [os tempos e] as guerras”[173]. No século XV, novo sobressalto. Gerador de ódios por contemporâneos, Nicolau de Cusa (1401 – 1464) alarmou muitos, pelo acento na compatibilidade entre extremos. Encarou a conjetura de “opostos”[174], dicotomizado o mundo por valores antagónicos, quando se creia num ponto de vista considerado válido. Nova batalha. Era Napoleónica, em França e na Europa, no ano VIII (ou, no calendário vigente, datado a 9 de novembro de 1799). Contrastaram adesões e oposições a Napoleão, herói e anti-herói, arrebatado o poder no golpe “18 do Brumário”[175]. As mudanças foram inquestionáveis, com a chefia e as saradas guerras. A guerra entre Marina e Celso não foi uma constante, também não persistiu. No foco da maior peleja, a distância a Marina[176] antecedeu outra circunstância: o entendimento de “como [Celso] se vê”[177]. Num “sinal de transição, de deslocamento”[178], veio de Celso a afirmação séria, numa trégua consigo mesmo: “já não habito na distância”[179]. Anteriormente, despedir-se-ia dela, como um Catulo[180], numa linguagem coloquial, sem intensidade e sem profundidade maior… Poderia estar a recuperar o “habitar”, junto dela. Existirem compatibilizados, nas suas oposições, requer o significado: “habitar”. Talvez se encontre algures, na linguagem. Para “morar”, fica bem longínqua a raiz etimológica, no sânscrito - vatami -, cujo termo alemão é wesen. Dir-se-ia que Celso possa já “estar-aí” (da-sein)[181]. No seu lugar - aí -, à fluência não lhe faltará diferença. Como expor uma diferença melhor do que com o ruído feito pelas diferenças da fala e do canto de Celso e Marina? Revejo a aliança, a separação, o que nem quer significar uma divisão de opostos. Há uma distinção nas “vozes”, para um sistema caótico, em várias escalas de linguagens. A organização de mundos No século XXI, em 2023, há ordem para parar e avançar no terreno do ser. “Há mais de dois milénios…”. Heidegger[182] introduziu essa conjetura perdurante[183], nas primeiras palavras de Ser e Tempo. Fora há muito “esquecido” o que surgira em Parménides, uma abstração – Poema – “onde se encontra o ser e o ente”? Ente pode ser objeto, coisa, ser … E o ser é o mais próximo do ser humano, sem que seja “um Deus ou um fundamento do mundo”[184]. Não existe um ente sem um ser. Acresce perguntar: “o que significa pensar?”[185]. Pensa-se em alguém, um ser, enquanto as guerras matam pessoas. Desde que a nossa imaginação pejou o mundo de deuses, entre ninfas, dragões ou quimeras, foi feita a equação, pelo menos: esquecido o humano. Não neutro, mas esclarecido, Heidegger rebelou-se contra ter sido minada essa incógnita do mundo – o ser, o guardião da questão[186]. Colocado o tão saliente à parte (o ser) e juntas as palavras a ideais, “ordenaram-se” melhor as coisas. Nessa incessante transformação, contra as utopias, foram cometidas “supressões” de coisas, acrescentos de quimeras, os “suplementos”, esquecidas possíveis “deformações”[187]. Aguardado o alvorecer da modernidade líquida, após a linha humanista dos anos sessenta do século passado, ainda seria antecipado o outro tempo do ser frágil, das diferenças e vulnerabilidades acrescidas. Vemos superada a razão não linear, o princípio da não-contradição[188], a alinhar o excluído. Arrastamos até mesmo para a paz a “coincidência de opostos”[189]. No reiterado pensamento ímpar de Lucchesi, um visionário de saberes ontológicos, preside o ser humano que é pensado, dito que ser e não ser não sejam iguais. Os seus conhecimentos são buscados entre um que é muitos[190]: ser e não ser e “ser de todo o ser”, na expressão de Giordano Bruno (1548 – 1600). Ruínas e salvação Um genial revolucionário, Giordano Bruno, foi o que retomara o ser, em On the infinite universe and worlds (“Sobre o infinito, o universo e os mundos”). Recordado num post scriptum[191], o opositor, Bruno, foi morto. Para mais escrevera “A ceia das cinzas”[192], em gritante contraste com o fogo da paixão. Deu-se ao desfecho inolvidável, à morte horrenda, após outra intrincada conjetura resistente à “ignorância” por dogmatismo e ceticismo do tempo. Bem além e aquém do “estar aí“, em substancial presença, o que resiste à fixação ao lugar encontra-se na imaginação, em múltiplas superfícies, no não linear, cujas diversas escalas se coloca Marina. Celso vive numa efetiva transição temporal, quando “o agora é um índice [indicador] da eternidade”[193]. Quando ainda se creia na “eternidade do mundo”[194], uma exceção. Enquanto nos insurgimos, Marina poderia “fixá-lo” ao passado em comum[195]. Na “correspondência” truncada, o narrador assumirá a perspetiva de “crer na eternidade do ser. Mundo sem fim e sem Deus. Essa é a ideia que me salva”[196]. Ademais, imaginar a “eternidade” não diz que não se “aclare a contingência” [197], o acaso, por contemplação intuitiva[198] e sensível. No perpétuo salto entre histos, reparo no ocaso do relacionamento, na paragem e esgotamento dum percurso: “[As cartas de Marina, “ibérica prudência”?] Terminam com abraço afetuoso, promessas impagáveis e mil beijos de Catulo. Cartas inúteis e vazias! Abracem do não ser a eternidade!!”[199]. Creio no indecidível. Não cumpriremos todas as “promessas”, as coisas voltarão a ser as mesmas nas guerras e nos amores à beira mar: o “vestido azul”, a “pedra”, os “passeios” e as “bicicletas”[200]. Recordações e ilusões para “todas as cartas em princípio circular”[201]. “Quem sabe se…”[202], se “tudo se passa aquém da superfície”[203]? A verdade - domínio duplicado da aparência - agarra o “desvendamento”[204]. Da substância/essência não temos algo, além da aparência. E ainda que deixássemos há muito de atingir “as coisas em si”, vivemos demasiado no escuro em volta. Quanto muito, realizemos nova viragem às partes, quando “o passado é órfão do presente [índice de eternidade]”[205], no mundo compartimentado. Vivemos num “tempo inabordável”[206]. De forma paradoxal, deixámos o “museu”[207] e as “espécies” à solta, que diminuem com seres impreparados. Do ser e tempo[208] à nova hermenêutica, reatada “presença”, o que “aparece” no “compromisso metafísico” com o ser[209]? Numa filosofia para o século XX, o existencialismo ainda contou para O ser e o nada[210], no que importou o significado, o valor e o propósito da vida. Na época, avançado distanciamento/estranheza[211] face ao “teatro de sentimentos”. Na Europa, tanto “narrativa”, quanto “ficção” deram lugar ao “novo romance”[212], uma mistura de atores sociais e coletivos, de géneros misturados, uma “polifonia”[213]. A psicologia da vontade e a narrativa Na psicologia então emergente, William James[214] discriminara a “vontade de acreditar” do que queremos fazer “desacreditar” - o que seja convencionado para a época ou para a “troca” correspondida de “cartas” a e-mails, o que escape à explicação e/ou à compreensão[215]. Narrativa, na psicologia pós-racionalista, congregou a ideia de que “contadores de histórias” seriam os que estariam incrustados ao amor e ao sofrimento. Como sublinhado, nas teorias semânticas, havia outras “vozes” e “polifonias”, quando um discurso se enuncie. Fora enunciado. Ademais as (re)autorias e sensibilidades eram provenientes doutros domínios de saber, tomadas por empréstimo (nas teorias feministas, na narratologia, nas ciências sociais e humanas…). As temáticas ganharam sentidos segundos, o significado de ridículo e a ironia alcançou outra voz crítica, ainda com o romance de ideias. Com Laurence Stern[216] é possível “justificar” uns “resumos” dum Celso[217]. Os condensados foram ordenados, entre “ideias confusas”[218] dum amor límpido. Num modelo dos mundos emocionais e do “eu em processo”, as “organizações de significado pessoal” (OSP) remeteram, em fim de século, a "metáforas básicas da descrição do real”. Traduziram apreensões dinâmicas para “estrutura da personalidade” e consumaram “significados”, para formas de dar sentido à vida. O modelo OSP, de Vittorio Guidano Vittorio Guidano foi um psicoterapeuta romano, que viu a criatividade como possibilidade de transitarmos duma para outra organização de “significado pessoal”, da falta e perda à reorganização noutra emoção, talvez pelo receio da distanciação. Correu na margem de entendimentos do corpo e da culpa. Concebeu uma epistemologia, com Leslie Greenberg, Humberto Maturana, Michael Mahoney e Óscar Gonçalves. Numa visão emocional integradora, a faceta de experienciar a vida (I, em inglês; o nível de “eu experiencial”) nem se opôs mais a “significar” a experiência (a narrativa da experiência). Pode ser dado o exemplo buscado no que conheci em Guidano e num seu amigo, Leslie Greenberg, de saúde mental. Quando com eles estudei, partiram dde G. H. Mead[219], entre muitos outros. No sul africano Leslie Greenberg[220] senti a primazia conferida a existir, tão visceral, no âmago da experiência imediata, o "eu". Frente a frente ao vivido subjetivo, Vittorio Guidano[221] colocava-se noutro plano de conhecimento: o “mim reflexivo” (me, em inglês). Contrastava na relação à energia de Greenberg, uma “presença” por inteiro, uma conexão no momento, em níveis diversos (físico, emocional, cognitivo e espiritual), ou seja, havia uma consciência da plena experiência corporal e emocional, vontade de escuta ativa, busca de compreensão. Modelos para fazer mundo Na distância cavada, lemos que “a gota do mar é pequena, quando o tempo de ausência seja longo.” A memória nem se esvai na comparação e compreendido desgaste. O “piano – sobrenada”[222] … – voga à tona de água, assim sendo a memória[223], num “abismo líquido”[224]. Poderia ser a voz “atemporal”[225], inesquecível, aquela voz entretanto quebrada de Marina? Tendo lá permanecido uma presença, não se cravou… No incomensurável passar dos anos, quais “cardumes de palavras”[226], arrastaram “o vazio”[227]. A eternidade deixou de ser. Morreu um mundo terreno junto do mar. O eco imaginário de Marina, na ausência quedou-se. Existem as “rochas” [que] continuam imutáveis[228], fustigadas por ventos e marés. Do revolto mar à mata-bioma e às pedras encalhadas, sobressai o abandono, nas “correntes indomáveis”[229]. Celso, continente/recetáculo, sem mãos. Haja o que desapareça e volte com a “correnteza”[230]. Sem alcance do “mundo submarino”[231], as águas não brilham. Somente na “superfície” são “transparentes” [232] águas, para um mundo que foi desarticulado e fragmentado em partes. Como referido, no uno, teríamos um mundo total e eterno. Numa perspetiva particular, um amigo meu acentuou a condição física, metafórica e metafísica (“especulativa”) do ser. Sem ler Marina, António Maurício enfatizou o transitório – o humano para “ondas do mar” (o seu mundo parcial). Na expressão oral, coloquei as suas palavras de permeio, com parênteses retos, para elucidar o refletido do infinito: Em resumo, e metaforicamente, parece-me que [esse processo humano, dinâmico instável] tem semelhanças com o que acontece às ondas do mar[233] (…) configurações/formas locais e transitórias desse mar/suporte e alimento de todas as outras formas/configurações potencialmente possíveis do mesmo. Que podem nascer, crescer, viver/existir, reproduzir-se e morrer/deixar de ser/existir, porque são fenómenos/seres transitórios. (…) Mas não é por isso [por haver formas locais e transitórias de mar], que o mar/vácuo quântico/TAO/[234]o sem nome/... (pressuposto background/suporte/meio/ e fim de tudo o que é possível, e por isso intemporal, Total, global, cognoscível e/ou incognoscível), sem ser… seja redutível a qualquer aspeto antropomórfico[235] .... mas contendo-os... O meu amigo tem uma conceção física e de recipiente – o “vaso vazio”, o inamovível Uno[236]. Nessa substância, Maurício faz conter os mundos parciais contrastantes. Na “leitura desviante”, colocamos “entrelinhas”[237]. A “colocar parêntesis” no que se saiba ou julgue saber, houve um retorno ao mundo, no abalo cultural da consciência. Na aproximação a coisas[238], podemos condensar “cardumes de palavras”[239], no que sobreviveu unido, o par que se afastou: As “cartas deitam iodo [como o mar] e sal… [como lágrimas] [240]… novo sal”[241] Crescem as ondas que me arrastam para dentro [daquele mundo submerso]. Põe-se Celso “a nadar“[242]. [No mar] Haveria “… a correnteza“… e entretanto “as ondas sobem cada vez mais altas… Já não encontro salva-vidas. [Celso dirigindo-se a Marina, pede-lhe uma vez:] Nademos juntos”[243]… No relacionamento, terá havido … um “naufrágio e tempestade”[244]. Até no “perigo de [Celso] afogar-se na praia”[245]. Ergue-se, subleva-se ele, humano, que “não tem guelras nem escamas”[246] … No salva-vidas da terrena praia, onde não “para de chover” … “mal sei nadar em tanto azul… [Celso] Andava a saltar “nas rochas, acima do cinturão das algas”, mas mergulhara no mar, “quando é escassa a correnteza”[247]. “Caminho sobre a chuva, ondas revoltas [no mar], branca espuma”[248] … “nadar [para] tão longe” …[249]. Na deriva, as “leituras desviantes” de uma temática[250], colocam vários caminhos de leitura. Não fosse o vazio deixado de palavras… [Sempre permanecem] “As pedras [que] rugem no bater das ondas”[251] [instáveis]. [Muda o significado de] “Praia - Cadeia alimentar, baleias, pescadores”[252] … “Sinto no meu corpo a maresia [que muda também, após a vazante, de cheiro intenso do mar] e assim transformo o sal em novo sal”[253] [Em casa] O “relógio de areia” de Celso, quando se encontrava com Marina, no passado, “ficava na estante” … [porque o tempo era subjetivo]. “Um belo dia [a ampulheta] quebrou-se” … “Vinte anos” separaram [Celso e Marina] … quantos “grãos” de areia [na ampulheta] são necessário” para tanto tempo passado?[254] “… ao dorso da onda fria, apressa o coração”[255], sendo que o sal eliminado, baixe a pressão[256] [arterial] e “transformo o sal em novo sal”[257]. Nova vida. As palavras vão e vêm, na modernidade líquida. A tornarem-se as palavras “úmidas”, é o sinal de sofrimento no “sal” e na “lágrima” salgada. Qual garrafa que se joga ao mar? Flutuaram ambos num domínio intemporal, deram-se a palavras inevitavelmente “fartas de imprecisão, saudosas da beleza”[258]. E que “cartas” se virão a “salvar” do mar do esquecimento, com agrestes “ventos do Atlântico”? Na insana movimentação vital, Celso “decide [a dado momento] atravessar a maresia”[259] e quedou-se o mar de distância entre si e Marina[260], ao primeiro e-mail dela, seguido-das imagens coloridas, palavras dela. Marina aparecer-lhe-ia na imaginação dovbelo solilóquio de Molly Bloom[261], um encantatório eco. É dele o repente, quando não queira voltar ao passado: “Não me afasto deste mundo de areia… Passam navios à distância”[262]. Em terra firme, Celso, não sai de si mesmo. No final do livro, arredio, Celso dará conta do inesquecível mau tempo, em que se sentira “naufrago”, abraçado ao não-lugar[263]: “Passada a tempestade, me afogo nos teus olhos [verdes e do mar]”[264], olhos de luz fina e penetrante. Do repetido reparo no olhar de lince, o que ficamos cientes do passado na marinha de salinas, na praia e noutras paragens? A lembrança foi ter à imagem da “jovem” Lívia, sua prima e amiga de Marina… [Lívia] “deu-se às ondas”[265]. Deixou de ser. Condenado, Marcus, perdeu alguém; Celso perdeu Marina, não fossem as “fugas” intempestivas. Anunciado casamento ou “condenação”, na escuta de Grande Missa em Dó Menor, K 427[266], de Amadeus Mozart (1756 – 1791), o significado diverge, para o cineasta Robert Bresson[267]. A perda não justifica uma causa, que seja culpa de falta de pontualidade dela ou o atraso dele. Preso ao antecipado mito: “Cheguei tarde como o Rei Marcus”[268], já que a bela Isolda amava Tristão e vogariam num barco do amor à beira mar[269]. No enlevo por Isolda, Celso assumia encontrar-se na condição do rei[270]. Outro fora a lição de Orfeu[271], que olhou para trás… “Não se ergueu” (no existir). E como a palavra concretiza o pensamento (quando o alcance), em inumeráveis mundos atingimos a parte num ou noutro fator – o mar subterrâneo, o envelope na palavra, uma sinédoque. A crer na memória “líquida”, mais uma vez, em imaginação de Marina[272], Celso “lembrou-a” de que já teriam pisado as pedras até à onda, ao imenso mar[273] Quando o a sair último apaga a luz Na ausência de fundamentos externos e de princípios internos, temos o reino perdido do ser. No mundo abandonado, aliado no estranhamento, é o esquecimento (“o fundador”) uma implicação do recuo do ser[274]. Como constatado, em Heidegger[275], surgiu o ser, um dos seus dois temas constantes. Como ser nem seja fundamento, nem seja princípio, incorreria na dobra original “ser-ente”[276]. Donde, a possibilidade de “re-dobra” do ser em Marina. Para o incauto efeito, somente desviando-se um autor, poderá recuar o ser, em que as hierarquias da existência passam a ser independentes (ser e ente), deixando de fazer sentido o que veio primeiro. Nenhum deus alguma vez pode unir o disperso, nos tempos que correm. Em Heidegger (1986 [1982]), para quê escrever “Porquê poetas”. Andaria o filósofo nos caminhos da floresta obscura, no que recuaria e o conduziu a Hölderlin (1770 — 1843): “E porquê poetas em tempos atribulados?[277]” Além da destroçada condição de “autor-idade”, o autor deslocou-se à poesia de vestígios inacessíveis. Marco Lucchesi pode ter atendido ao segundo tema de Heidegger, quando foque o eterno, em Parménides[278]. Visado fundamento do enigmático “pensamento”: leu as primeiras descobertas nos fragmentos ou vestígios escritos. De Marina, Lucchesi arrasta já o leitor às primeiras interrogações, como nos ousados fragmentos pré-socráticos incompletos, desbravados e arredios a um ponto, excêntrico a linhagens ou a “influências”. Ocorre pensar noutro ângulo de visão criativa, sem articulação entre o próximo e o longínquo, alcançado um brilho lateral, que perpassa na contemporaneidade. Qual será o derradeiro lugar em que pulse o pensar? – Pergunte-se. Em Poema, de Parménides, fragmento de conceitos acutilantes. Possuímos além da “dobra” constitutiva do ser (nos limites entre ser e ente), a prerrogativa de interrogar, de hesitar, de duvidar e de afirmar. Em que mundos desaparece e reaparece a consciência? Resposta: Nos dias que se sucedem a noites, a alternância revela-se à consciência, no sonho e na realidade percetiva. Da diferença entre mundos, Marina, o que perdura na ausência? Memórias de palavras “recorrentes: o nada, a Morte, abismos e fantasmas”[279]. Perdura o “sonho” no eterno “menino”[280]. Em Marina, o coprotagonista Celso, um retirado fazedor de “não histórias”, afigura-se retirado, o que não significa derrotado. Noutra asserção crítica, quando não se bata em retirada, poderão ser dados saltos na compreensão duma obra de múltiplas leituras. Foi no Prefácio à segunda edição de Crítica da razão pura, que Kant alertou para o pensamento, cujos “saltos temerários” nem seriam escusados. Poder-se-ia ir mais longe, no arriscando, nas nossas frágeis sociedades, a ponto de nem ser dito o que se pense, nem ousar-se o criticar. [1] Lucchesi, Marco. Marina. Santo André (SP): Rua do Sabão, 2023, p. 89. Quanto à “romaria de formigas” (p. 78), a ser desfeita, “vivo em guerra contra os cupins…” (p. 23). “Só as cartas ficaram intactas. Desprezadas até pelos cupins” (p. 24). “Pobres cartas! Ai de nós! Indigestão de todos os cupins” (p. 28). Afinal, outra maçada, será o velho computador perder cartas, “perder tudo” (p. 89). [2] A crença no acesso à profundidade teve os seus dias melhores, quando se acreditou numa via única, uma dimensão da base ao topo, entretanto barrados os códigos e a exatidão, buscada na modernidade. [3] Marina, p. 73. [4] Marina, p. 56: Marina possui uma “beleza transitiva”. Marina, p. 60: “Sou trilho morto, intransitivo [que não chega a ela]. Se não te alcanço não me basto”. Marina, p. 71: o caráter transitivo, sendo o que muda, aproximou-se de “sinal de transição, deslocamento”. [5] Marina, p. 27. [6] Marina, p. 76. [7] Marina, p. 76. [8] Marina, p. 15. [9] Marina, p. 13. [10] Marina, p. 87. [11] Marina, p. 13, p. 17. [12] Marina, p. 67. [13] Marina, p. 85. [14] Marina, p. 85. [15] Marina, p. 91. [16] Marina, p. 55. [17] Marina, p. 87. [18] Marina, p. 54: “Distância na distância da distância. Porque o demónio é filho do silêncio. António Vieira dixit”. O silêncio marca a distância tão grande entre ambos, gerador do mal. Mas Celso foi um menino com “fome da distância” (p. 63). Um dia, deixou de “habitar na distância… distância que se perde” (pp. 97-98). [19] Marina, p. 86. [20] Marina, p. 72. [21] Marina, p. 69. [22] Marina, p. 84. [23] Marina, p. 33. [24] Na alusão do autor, a xilogravura de 1507, de Hans Schäufelein the Elder? Um idoso, “o mais velho” (the elder). Ou “Cristo diante de Anás, do espelho da paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”, também de 1507? [25] Marina, p. 22. Parménides é também referido na p. 35 e na p. 98. [26] Marina, p. 49). Ulisses representa o que enfrentou perigos e riscos do mar, explorando o mundo. Escritores foram “navegadores”, por caminhos sem guia e sem antecipação, como James Joyce (1882 – 1941). [27] Marina, p. 49. [28] Marina, p. 71. Celso efetua ainda um recuo, quando “uma janela abre-se ao vento” e se desfaz o enlevo com Marina. Concretamente, recuo terá o sentido militar, na guerra. [29] Marina, pp. 34-34. [30] O vaso é um recetáculo, um contentor para as coisas sensíveis, no Timeu de Platão, datado de 360 a.C. Identifica a chora, no que acolhe as coisas em devir. [31] Marina, p. 89. [32] Marina, p. 77. Nas folhas ímpares, são dados a ler “resumos”, como o da página 27: “Sobre a morte das cigarras e o motor imóvel. As garras do leão. Livre-arbítrio, borboleta e tempestade. Software e cálculo integral. Termina com um verso de Mallarmé.” Geralmente, os “resumos” são ampliados em textos de duas páginas. [33] Marina, p. 81. [34] Marina, p. 43. [35] Marina, p. 89. [36] Marina, p. 78. [37] Marina, p. 67, post scriptum: “Leitor de pássaros, sou como um áugure romano a decifrar tua mensagem”. Na Roma antiga, desde o século VIII a.C., os sacerdotes tornar-se-iam augures, tirando presságios, partindo dos voos, do canto e das entranhas de pássaros, entre outras aves. [38] Marina, p. 89. [39] Marina, p. 87. [40] Marina, post scriptum, p. 98. [41] Marina, p. 50. Na perspetiva computacional, disse-me um informático, a diferença é nítida entre significado e semântica: “fornece-se uma semântica para um argumento (ou seja lá o que for), quando se fornece um método de traduzir os símbolos, que contém para qualquer coisa que tenha significado: dar uma semântica para uma linguagem pressupõe, ou envolve, uma Teoria do Significado. Contrasta com a sintaxe, que é apenas a gramática formal do sistema, que determina que os símbolos estão corretamente juntos ou não. Pode assim seguir-se uma sintaxe do sistema sem ter a mínima ideia da sua semântica”. [42] Marina, p. 43. [43] Marina, p. 18. Na Ilíada, poema homérico, salienta-se o belo e valente Ájax, com que lutou Heitor, sem vencedor ou vencido. [44] Marina, p. 53. [45] Marina, p. 35. [46] Marina, p. 36. [47] Marina, p. 83. [48] Marina, p. 39. [49] Marina, p. 79. [50] Marina, p. 86. [51] Marina, p. 49. [52] Marina, p. 18. A Guerra Fria, tensão geopolítica, no final da Segunda Guerra Mundial (1945), abrangeu Os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), desde a Presidência de Truman, em 1947, tendo fim na dissolução da URSS. [53] Marina, p. 31. [54] Marina, p. 35. [55] Quando a alegoria apresenta dois significados, literal e figurado, as palavras, cujo significado seja literal, devem dar lugar ao significado alegórico (figurado). [56] Por extensão, ao mundo subaquático, Marina, p. 50: “… o abismo líquido”. Marina, p. 37: “um líquido destino terra adentro. Marina, p. 79: “Presumo que se lembre (ó, líquida memória!) da onda que das pedras nos levou ao mar.” [57] Imagino até mesmo O mundo à minha procura, de Ruben A, um relato autobiográfico em que o escritor dá conta da vida e da escola, que “esquece os livros”. [58] Marina, p. 49. [59] Marina, p.54. [60] Marina, p. 65. [61] Marina, p. 65. [62] Marina, p. 13. [63] Marina, p. 27, p. 29. Na mesma página 29: “de dez mil dias” …, após o “terremoto” - “uma “falha sísmica”. [64] Castro, Ruy. A vida por escrito: ciência e arte da biografia. Lisboa: Tinta da China, 2023., p. 16. A “literatice” passa pela ideia de um biógrafo atravessar a pessoa-personagem, para dela extrair o que não saiba de si mesma nos pormenores, para o efeito de conceção de episódios “inesquecíveis”. [65] Marina, p. 16. [66] Marina, p. 13. [67] Marina, p. 89. [68] Marina, p. 13. [69] Marina, p. 37. [70] O interminável percurso, é destacado na página 93. O texto continua com a presença do tempo, para “Zenão de Eleia: Aquiles corre com a tartaruga”, um paradoxo da verdade de Parménides, numa demonstração “por absurdo”. [71] Marina, p. 16. [72] Marina, p. 54. [73] Durante uma noite, após ter querido escrever insistentemente uma sonata, o compositor italiano Giuseppe Tartini compô-la a dormir e a sonhar. Intitulada O Trilo do Diabo, imaginou que o próprio maligno lhe apareceu em pessoa para tocar violino e o “ajudar”. Ele não era capaz de terminar a obra musical, mas quando acordou conseguiu acabá-la com a única parte da música de que se lembrava. [74] Jung, Carl. (1954 [1951], p. 123) [75] Marina, p. 73. [76] Marina, p. 56. [77] Marina, pp. 55-56: “A jovem [caveira sem carne] cedeu sua beleza ao brinquedo”, tratando-se de morta, que na urna funerária tinha a sua boneca de marfim, segundo Marco Lucchesi, preservada do Tempo dos antoninos, na Roma antiga, pelo autor. Portanto, aquilo, demarca a figura histórica, no achado brinquedo, que a acompanhou na urna. https://en.wikipedia.org/wiki/Crepereia_Tryphaena [78] Marina, p. 56. O “espelho inverso”, do aveso, passa o par a dois contrários ou simetricamente opostos. [79] Marina, p. 69. Quem diga a transformação dela alude à sua representação no quadro de outra. [80] Um poço é um recetáculo, a chora, em Platão. Um continente retém um conteúdo, as ideias sensíveis. [81] Marina, p. 50. [82] Marina, p. 96. Nessa página, é salientada a comunicação, quando gatos ronronam e cães latem. [83] Reis, Carlos, & Lopes, Ana Cristina M. Dicionário da teoria da narrativa. Coimbra: Almedina, 1987, pp. 152-155. [84] Idem, pp. 152-153. [85] Marina, p. 86. [86] Marina, p. 91. [87] Marina, p. 86. [88] Marina, p. 63. [89] Marina, p. 95. [90] Marina, p. 54. [91] Marina, p. 73. [92] Marina, p. 96. [93] Marina, post scriptum, p.97. [94] Reis, Carlos & Lopes, Ana Cristina M. Dicionário da teoria da narrativa. Coimbra: Almedina, 1987, p. 154. [95] Marina, p. 91. [96] Strauss, Anselm, & Corbin, Juliet. Basics for qualitative research: Grounded theory procedures and techniques. Newbury Park, CA: Sage, 1990, p. 96. [97] Marina, p. 95. Numa intercalação da história de Proteu com o mito de Orfeu, essa invenção do poeta romano Virgílio (70 a.C. — 19 a. C.), encontra-se nos versos de número 453 a 527 do Livro IV, das Geórgicas. [98] Marina, pp. 71-72. Vale ouvir a rádio Orfeu … Ouço distante a voz de Orfeu. [99] Marina, p. 80, p. 86. [100] Marina, pp. 79-80. [101] Marina, p. 80. [102] Marina, p. 49. [103] Marina, p. 91. [104] Marina, p. 91. [105] Marina, p. 49. [106] Neymeyer, Robert A. & Mahoney, Michael. Construtivismo em psicoterapia. Tradução de Mônica Giglio Armando e Fábio Appolinário. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: Artes Médicas, 1997, p. 173. [107] Quem diga texto, poderia referir-se a trabalhos com que um texto se cruza, num filme, romance ou peça de teatro. [108] Forster, Eduard Morgan. Aspects of the novel. New York, NY: Harcourt, Brace and World, 1927. O “enredo” (plot) distingue-se da “história” (story), na medida em que o enredo ordena os acontecimentos de forma temporal e de forma causal, mas a “história” limita-se a ordená-los no tempo. [109] Scholes, Robert, & Kellogg, Robert. The nature of narrative. New York, NY: Oxford University Press, 1966, p. 207, pp. 238-239. [110] Angus, Lynne; Lewin, Jennifer; Boritz, Tali; Bryntwick, Emily; Carpenter, Naomi; Watson-Gaze, James, & Greenberg, Leslie. Narrative Processes Coding System: A Dialectical Constructivist Approach to Assessing Client Change Processes in Emotion-Focused Therapy of Depression. Research in Psychotherapy: Psychopathology, Process and Outcome 2012, 15(2), 54–61. DOI: 10.7411/RP.2012.006 [111] Marina, p. 23. [112] Marina, pp. 79-80. [113] Marina, p 83. [114] Marina, p. 94. [115] Marina, p. 71. [116] Marina, post scriptum, p. 76. [117] Marina, p. 23. [118] No risco de morte no mar bravo, noutro lugar: “… ao dorso da onda fria, apressa o coração” (Lucchesi, 2023, p. 71). [119] Marina, p. 23. [120] Marina, p. 23. [121] Marina, p. 80. A expressão é atribuída pelo autor a um livre pensador, Lucilio Vanini (1585 – 1619), que se autodenominou outro, nas obras publicadas como Giulio Cesare Vanini. [122] Marina, p. 83. [123] Marina, p. 93. [124] Marina, p. 93. [125] Marina, p. 14, p. 79. As baleias primam nos seus “afetos radicais” (p. 79). [126] Marina, p. 93. [127] Marina, p. 93. [128] Marina, p. 93. [129] Marina, p. 95. [130] Marina, post scriptum, p. 99. [131] Marina, pp. 85-86. [132] Strauss, Anselm. Qualitative analysis for social scientists. New York, NY: Cambridge University Press, 1987, p. 32. [133] Marina, p. 91: “Antes do amanhecer, sacudo meus ossos na areia. O mundo frio no vapor das ondas [do mar], enquanto o sol desponta, bem depois, nas rochas que me vedam o horizonte [limite]. Sem que você soubesse, caminhamos lado a lado. Não sei até que ponto lembro tua voz. Tudo que diz e deixa de dizer [adiante, num eco repetido]. O modo, sobretudo a transparência da voz. Como o menino e o pássaro de Portinari. Te vejo, assim, ferida, a proteger-te. Promessa de calor. Será difícil atravessar a noite”. [134] Marina, pp. 13-14. [135] Marina, p. 54. [136] Marina, p. 14. [137] Marina, p. 13. [138] Marina, p. 22. [139] A noção de “livre arbítrio contracausal” indica a decisão livre, não determinada por uma causa, um motor. [140] No cálculo integral, pensa-se na heurística, de Arquimedes (287 – 212 a.C.) , com a finalidade inicial de calcular áreas e volumes e seguir a pista e gravar o movimento dos corpos celestes, do sol, da lua e dos planetas, no que se partiu da aritmética e da geometria. [141] Concausa introduz a causa, que coexiste com outra causa, cujo efeito seja conjugado. [142] Marina, p. 27. [143] Marina, p. 27. [144] Marina, p. 13. A brevidade contrasta como o longo tempo que passou, após o encontro prolongado. [145] Marina, p. 43. [146] Marina, p. 69: “Teus olhos sabem narrativas”. [147] Marina, p. 87. [148] Marina, p. 91. [149] Marina, p. 91. [150] Heidegger, Martin. Lettre sur l’Humanism. Paris: Aubier, (1970 [1947]), p. 65. [151] Marina, p. 75. [152] “O acaso dá-nos os pensamentos, o acaso retira-no-los”. Esse é um pensamento de Blaise Pascal (1623 – 1662). [153] Bakhtin, Mikhail M. Speech genres and other late essays. Austin, Texas: University of Texas Press, 1986. Partindo de “géneros de fala”, certas vozes farão coisas diferentes. A noção de “voz” tornou-se um conceito adequado e útil para a caracterização do narrador num texto: “quem ‘fala’”. “Quem é ‘ouvido’”, “quem expressou algo” … A ser “dada uma voz”, a “voz”, conduziu à critica de uma só voz, com Bakhtin. Na conexão de “voz”, com as ciências sociais, avançamos entre “múltiplas vozes”. [154] Marina, p. 13. [155] A “intencionalidade” em Edmund Husserl (1859 – 1938) e) colocou-se em “Meditações cartesianas”, para a forma basilar da consciência e dos processos psíquicos: “consciência de alguma coisa”. Donde, a proximidade das coisas. [156] Lévêque, Jean. ABCedário da filosofia. Lisboa: Reborn e Publico, 2001, p. 13. [157] O mundo e a consciência veem em conjunto, dum único golpe: se o mundo é exterior/interior à consciência, o que escape é o ribombar de “tempestade”, o espanto perante uma explosão, o ribombar do trovão. [158] Marina, p. 75. [159] Marina, p. 91. [160] A ser retomado o sentido do ser (do ser em si mesmo, do ser do “homem” e do ser do pensamento), com Martin Heidegger (1889 – 1976), a “metafísica” ganhou terreno, na tradição filosófica. Ficou a crítica ao que tenha sido “esquecido” - o ser, com frequência, entre Platão (428/427 – 348/347 a.C.) e Nietzsche (1844 – 1900). [161] Na etimologia de “profundidade”, “pro” indica uma direção a, e “fundus” é o esvaziamento, por extensão de fundo. [162] Na especificidade, “coisa” denota o objeto natural. Acresce o tratamento dado ao objeto ou ao termo natural-artificial, ao real-irreal, ao mental-físico. Na filosofia, “coisa” incorre numa aparição, vaga presença, quando faltem as palavras, por incerteza na “errância”, falhado o alvo … Uma tempestade abrupta, uma explosão. Coisa chega a ser conhecimento, imaginação, vontade... [163] Marina, p. 81. [164] Num referencial da personalidade do adulto, adiante aludido, a psicologia pós-racionalista enquadra um modelo da realidade humana, que conjuga a experiência e o significado da experiência (“eu-mim reflexivo”). À superfície emocional da infância, estudada em John Bowlby, o psiquiatra Vittorio Guidano, aliou a “organização do significado pessoal” (OSP). [165] Uma assíntota, na geometria, para uma curva plana, é uma linha que explora uma distância infinita em relação a um ponto (P), quando esse ponto se distancia ao infinito, sem jamais encontrar a linha. [166] Marina, post scriptum, p. 76. [167] Marina, p. 91. [168] Galindo, Caetano W. Sim, eu digo sim: Uma visita guiada ao Ulysses de James Joyce. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, pp. 1104-1106. [169] Marina, p. 43. [170] Parménides. Fragments du poème de Parménides. Paris: PUF, 1996. Na primeira parte do poema, foi concebido um saber puro, a “verdade”, que afeta a via dos jogos de aparência das coisas, vindo a duplicar as aparências, no “desvendamento” (a-letheia, no grego clássico). O Uno, em Parménides, deixou-nos a mensagem fragmentada, na “revelação”, a “abertura”, a verdade escrita, no poema Sobre a natureza. Tanto as diversidades do mundo exterior, quanto as “opiniões dos mortais” (referidas num décimo da segunda parte da obra – o mundo da aparência), foram distanciadas da contemplação. Parménides inspirou a noção de Platão, para a dialética (partindo de duas ideias opostas, gerada uma síntese). [171] Platón. Parménides. Tradução de Guillermo R. de Echandía. Madrid: Alianza, 1987, pp. 55-56. [172] Na circunstância, as tensões antagónicas, entre a unidade e a diversidade, haviam sido protagonizadas por Parménides e Heráclito (cerca de 500 – 450 a.C.). Forçada a ultrapassagem da disputa inicial? [173] Marina, p. 43. [174] Nicolau de Cusa manifestou a sua forma de pensar num mundo em transição, tendo defendido a necessidade de contingência (coincidentia oppositorum), por parte da natureza e aderiu à contemplação intuitiva, em que o conhecimento fosse a unidade dos contrários (no livro Docta ignorantia, “Sobre a ignorância aprendida/sobre a ignorância científica”). [175] Marina, p. 35. [176] Marina, p. 31. [177] Marina, pp. 27-36. Na página 27, assumido ter-se tornado “perigosos”, na página 35, Celso diz ter medo de si mesmo. [178] Marina, p. 71. [179] Marina, post scriptum, p. 97. [180] Marina, p. 87: “[As cartas] Terminam com abraço afetuoso, promessas impagáveis e mil beijos de Catulo”. Catulo foi um poeta romano (87/84 a.C. – 57/54 a.C.), entre outros “modernos”, criticados por Marco Cícero, um contemporâneo, escritor e autor de cartas, mas que mudou a literatura europeia, com impacto no século XVIII. [181] Heidegger, Martin. Lettre sur l’Humanism. Paris: Aubier, 1970 [1947]. Na parte final de Carta sobre humanismo, Heidegger esclareceu: “não eis-me aqui! mas sim, se posso expressar-me num francês obviamente impossível, ‘être le là’ e o ‘aí’ é precisamente a-letheia. Como esquecer que da-sein representa o “estar aí”, o “habitar”? [182] Heidegger, Martin. Être et temps. Paris: Gallimard, 1980. [183] Uma ontologia dedicada ao ser, existência e realidade. [184] Heidegger, Martin. Lettre sur l’Humanism. Paris: Aubier, 1970, p. 77. [185] Heidegger, Martin. Que veut dire penser? In Essais et conferences. Paris: Gallimard, 1958. [186] O ser foi abandonado, quando se colocou adiante o ousia. No saber dos ousiai, enfatizadas substâncias. [187] Goodman, Nelson. Ways of world making. Indianapolis, Indiana: Hackett, 1985, pp. 7-17. [188] Marina, p. 93. Na lógica clássica, uma proposição não pode ser, em simultâneo, “verdadeira” e “falsa” (princípio da não contradição). Uma proposição é falsa ou é verdadeira (princípio do terceiro excluído). [189] Marina, p. 89. Em De docta ignorantia, de 1449, Nicolau de Cusa criou três momentos do “espírito” no itinerário, uma hermenêutica, ora voltado para o “exterior”, ora para o “interior”. Importa para a coincidência de sorte, em não serem anulados pontos de vista diferentes (opostos), do ser humano ao infinito. [190] Marina, p. 89. [191] Marina, post scriptum, p. 62. [192] Marina, p. 89. [193] Marina, p. 73. [194] Marina, p. 35. [195] Marina, p. 35. [196] Marina, p. 93. “Salva-nos” pensar que a unidade primeira não torne a escamotear o ser, frente ao ente, em Deus. A base da metafísica, ciência do ser, foi por muitos anos o debate de “substâncias”, para o que se mantenha por baixo, o “elemento” permanente da coisa. Embora o ser tenha múltiplas aceções, formulam-se todas para um princípio (arché) único, material e definido. Na “correspondência”, o ser não pretende servir a ideia de “ser para Deus”, de ser a pessoa concreta, o que se mantém (ousia, “substância”, “no bem fundo”). [197] Marina, p. 96. [198] Como Nicolau de Cusa, que viu nesse acaso o conhecimento de Deus. [199] Marina, p. 87. [200] Marina, p. 93. [201] Marina, p. 98. [202] Marina, p. 17. [203] Marina, p. 18. [204] O “desvendamento” - aletheia, no remoto Poema de Parménides, um saber do Uno, entretanto desfeito,encontra-se antes de recolocada a ordem do vivido, ou seja, “todas as formas de presença afetivas e intelectuais”, em Jean Lévèque. Lévèque, Jean. ABCedário da filosofia. Lisboa: Reborn e Público, p. 114. [205] Marina, p. 73. [206] Marina, p. 95. [207] Marina, p. 73. [208] Heidegger, Martin. Être et temps. Paris: Gallimard, 1980. [209] Marina, p. 22. [210] Marina, p. 93. “Não ser” tem no francês a palavra “néant”. E “nada” encontra-se em mè eon (“o não-ente”), em grego. Nem sendo a chora, o “nada”, o não-ente, nem chega a ser privação do ser, porque o “lugar” não tem qualquer objeto. O vazio de um contentor – o “vaso” - é diferente: possui forma, é chora. [211] Marina, p. 54: “Distância na distância da distância. Porque o demónio é filho do silêncio. António Vieira dixit”. O silêncio marca a distância tão grande entre ambos, gerador do mal. Mas Celso foi um menino com “fome da distância” (p. 63). Um dia, deixou de “habitar na distância… distância que se perde” (pp. 97-98). [212] Kundera, Milan. 1988. A arte do romance. Lisboa: Dom Quixote, 1988. Nessa obra, o “romance” é de ideias, a partir de Cervantes (1547 – 1616), por longo tempo “aguardada” a inspiração de Laurence Sterne (1713 – 1768), em D. Quixote. Ao romance de ideias foi dada outra linhagem, na marcação francesa: François Rabelais (1494 — 1553) e Denis Diderot (1713 — 1784), quando alcançaram liberdade crítica e ironia revolucionária, no renascimento e no século XVIII. O multifacetado Rabelais cruzou até as facetas na palavra, ora erudita, ora aventureira, percorrendo o lado festivo e o lado religioso e solene. [213] Marina, post scriptum, p. 76: “São minhas essas vozes: que me indagam, enlaçam, apertam, comprimem. Polifonia da gente que me habita. Mas todos querem, buscam, sonham com você”. [214] James, William. The will to believe and other essays in popular philosophy. New York, NY: Longmans, 1897. [215] Marina, p. 49. Para Carl Gustav Jung (1875 - 1961), a “humanidade” dividiu-se em duas partes: nos que “nadariam”, com James Joyce, no Ulisses, havendo quem se “afogasse” (numa autoridade, num qualquer saber dogmático). No Ulisses, é o monólogo de Molly Bloom condutor a um “sim”. [216] A obra de Lucchesi remete a Viktor Shklovsky. um crítico literário russo, em paralelo a Laurence Stern, autor de dissonantes observações, no que este último escreveu “A vida e as opiniões do cavalheiro Tristram Shandy”, um novo Quixote.” [217] Marina, p. 17: “Cada qual começa com um resumo”. [218] Marina, pp. 29-30. [219] Mead, George Herbert. Works of George Herbert Mead. Vol. 1 Mind, self and society from the standpoint of a social behaviourist. Chicago, Illinois: University of Chicago Press, 1967. A explicação das diferenças entre si e Greenberg, foi esclarecida por Guidano, que utilizou os termos de George Herbert Mead – I (“eu”) e me (“mim”), frente a Greenberg. Mead (1863 — 1931) concebeu o self social (Mead, 1913), no sentido de sermos a única espécie que usa a linguagem, aquisição a partir da qual planeamos, pensamos e comunicamos a experiência. A vida de uma pessoa não seria um atributo individual e privado em Mead, cuja narrativa seja uma autoexpressão, envolvendo o controlo da informação do self. [220] Geller, Shari M. & Greenberg, Leslie S. (2012). Therapeutic presence: A mindful approach to effective therapy. American Psychology Association. https://doi.org/10.1037/13485-000 [221] Guidano, Vittorio. The self in process: Towards a post-racionalist therapy. New York, NY: Guilford, 1991. [222] O que seja acima do nada, sobrenada num “lugar” das coisas sensíveis, que soam e ressoam. [223] Marina, p. 43. [224] Marina, p. 50. [225] Marina, p. 49. “Persegue os temporais”, os maus tempos de vendavais no passado-presente-futuro. [226] Marina, p. 18. [227] Marina, p. 49. [228] Marina, p. 73. [229] Marina, p. 73. [230] Marina, p. 18. [231] Marina, p. 49. [232] Marina, p. 73. [233] Tanto “mar” quanto o cérebro são “suportes físicos” e “alimentos”. A imensidão das “ondas do mar” e da mente em movimento configuram um fluxo movediço e inatingível, em que o ser é originariamente “bem-fundo”, a “substância” (no latim, ousia), para o que sejam variações e transformações das coisas. [234] Lao Tzu. Tao Te Ching. Capítulo 4, n.d. http://pt.wikisource.org/wiki/Tao_Te_Ching/IV. No mundo parcial ancestral chinês, pensar é agir. Reiterada a filosofia no T’ai Chi, a conexão ocorrida no Universo propicia a combinação de mente (li) e matéria (chi), “realidade última”, numa acomodação da unidade do Tao, à semelhança do “ancestral das dez-mil-coisas”: O Tao é um vaso vazio // Cujo uso nunca transborda. // Abismo! // Parece o ancestral das dez-mil-coisas! // Abranda o cume; Desfaz o emaranhado; Modera o brilho; Une o pó. // Profundo! // Parece existir algo! // Eu não sei de quem o Tao é filho. // Parece ser o anterior ao Ancestral. [235] Antropomorfismo para uma forma de pensamento em que elementos da natureza ou figuras de deuses alcançam características humanas. [236] O princípio da identidade, em Parménides, assumiu que todo o objeto é idêntico a si próprio. [237] Marina, p. 18. [238] Sartre, Jean-Paul. Une idée fondamentale de la phénoménologie de Husserl, l’intentionalité. La Nouvelle Revue Française, 1939, 304(1), 129-132. Na medida em que a consciência traduz uma aproximação às coisas, poderá “ser algo que não ela própria”. [239] Marina, p. 18. [240] Marina, p. 18. [241] Marina, p. 37. [242] Marina, p. 18 [243] Marina, p. 18. [244] Marina, p. 21. [245] Marina, p. 23. [246] Marina, p. 23. [247] Marina, p. 23. [248] Marina, p. 26. [249] Marina, p. 28. [250] Marina, p. 28. [251] Marina, p. 28. [252] Marina, p. 29. [253] Marina, p. 37. [254] Marina, p. 42. [255] Marina, p. 71. [256] Marina, p. 37. [257] Marina, p. 37. [258] Marina, p. 49. [259] Marina, p. 16. [260] Marina, pp. 16-18. [261] Marina, p. 49. Na obra publicada em 1922, Molly Bloom, cujo nome verdadeiro era Marion, é a personagem de Ulisses, de James Joyce, uma cantora de ópera, reconhecida em Dublin, na Irlanda. No monólogo, é colocado um “fluxo de consciência”, sem parágrafos e sem pontuação de vírgulas e travessões. [262] Marina, p. 55. [263] Marina, p. 55. [264] Marina, p. 95. [265] Marina, p. 61. [266] Marina, p. 95. [267] Casar não foi contemplado por Mozart, tendo vivido poucos mais anos que Jesus. Bresson utilizou a música de Mozart, em 1956, no filme “Um condenado à morte escapou”, passado durante a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), nomeadamente no Kyrie, de Mozart (caso vocativo da palavra grega kyrios, para “senhor”). No Antigo Testamento, utilizou-se Kyrie na mais antiga tradução grega (Septuaginta), para traduzir a palavra hebraica Yahweh. No Novo Testamento, Kyrie foi o título dado a Cristo, como em Filipenses 2:11. [268] Marina, p. 86. [269] Marina, p. 86. [270] Marina, p. 79. [271] Marina, p. 95. [272] Marina, p. 79. [273] Marina, p. 79. [274] Marina, p. 55: “Ao não lugar me abraço como um náufrago”. No recuo do ser, não será “dispensado” o ser, no que me recorda o protagonista e narrador de Marina, encontrado num não lugar, sob um batimento da “pressão”. [275] Heidegger, Martin. Être et temps. Paris: Gallimard, 1980, pp. 88-89. [276] A dobra é franzida. “Eu-ente”, um depósito material insolúvel, na dobra existe o “sedimento”, em Ensaios e conferências, de Heidegger. [277] No Romantismo, após o Século das Luzes (século XVIII), Hölderlin viveria já ao “cair da noite”. Teriam deixado o mundo três deuses “fraternos” – “Héracles, Dionísio e Cristo”. Acresce dizer, sem romantismo, que alcançada a “noite”, perdermos as referências-guias, as linhagens e ficamos sós. Deixa-se de referir a autoridade (“quem sabe”) e configura-se um destino nem certo, nem seguro. Na incerteza da errância, falharia o alvo que seja excessivamente arriscado. [278] Marina, p. 22, p. 35 e p. 98. [279] Marina, p. 76. [280] Marina, p. 78.
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Badaró Santos, José Otávio Monteiro y Marcello Moreira. "REPRESENTAÇÕES E PRÁTICAS EM "TERRAS DO SEM-FIM", DE JORGE AMADO: A NEGOCIAÇÃO COM O MUNDO SOCIAL". fólio - Revista de Letras 12, n.º 1 (2 de julio de 2020). http://dx.doi.org/10.22481/folio.v12i1.6489.

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A proposta é analisar o romance Terras do sem-fim (1943), de Jorge Amado, em uma perspectiva da literatura como representação, na esteira dos estudos de Louis Marin e Roger Chartier, considerando o texto como a representação das sensibilidades de determinados homens, em dada época, da ideia que faziam de sua própria sociedade e dos significados que almejavam construir. Assim, pretendemos refutar a ideia de que a obra, circunscrita pela crítica marxista como romance proletário, seja uma homologia das estruturas sociais. A noção de representação nos permite compreender que os textos ficcionais são, na verdade, constituídos pela relação que estabelecem com outros discursos e não com a realidade empírica. AMADO, Jorge. Terras do sem-fim. São Paulo: Editora Martins, 1971. BARTHES, Roland. O rumor da língua. Trad. Mário Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes, 2004. BORDIEU, Pierre. O poder simbólico. Trad. Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2009. BORGES, Valdeci Rezende. História e literatura: algumas considerações. In: Revista de Teoria da História, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Ano 1, Número 3, p. 94-109, junho/2010. CANDIDO, Antonio. Poesia, documento e história. In: MARTINS, José de Barros (org). Jorge Amado: povo e terra. 40 anos de literatura. São Paulo, Martins, 1972. CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Trad. Epraim Ferreira Alves. Petrópolis: Editora Vozes, 1998. CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Trad. Maria Manuela Galhardo. Lisboa: Difusão Editorial, 1998. ________. À beira da falésia: a história entre incertezas e inquietude. Trad. Patrícia Chittoni Ramos – Porto Alegre: Ed. Universidade UFRGS, 2002. ________. Defesa e ilustração da noção de representação. Fronteiras, Dourados, MS, v.13, n.24, p. 15-29, jul/dez 2011. ________. A história ou a leitura do tempo. Trad. Cristina Antunes. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. ____. El pasado en el presente: literatura, memoria e historia. ArtCultura, Uberlândia, v. 8, n. 13, p. 7-19, jul.-dez. 2006 LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil. São Paulo: Alfa-Omega, 1975. MARIN, Louis. Poder, representación, imagen. Prismas - Revista de Historia Intelectual, vol. 13, núm. 2, jul.-dez. 2009, p. 135-153. MARIN, Louis. Le portrait du roi. Paris: Éditions de Minuit, 1981. REIS, João José; SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro. São Paulo: Duas Cidades, 2000.
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Noonan, Will. "On Reviewing Don Quixote". M/C Journal 8, n.º 5 (1 de octubre de 2005). http://dx.doi.org/10.5204/mcj.2415.

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Resumen
The book review might be thought of as a provisionally authoritative assessment designed to evaluate a book on behalf of potential readers, and to place the text within an appropriate literary context. It is, perhaps, more often associated with newly published works than established “classics,” which exist both as saleable commodities in the form of published books, and as more abstract entities within the cultural memory of a given audience. This suggests part of the difficulty of reviewing a book like Miguel de Cervantes’s Don Quixote, originally published in 1605 (Part I) and 1615 (Part II). Don Quixote is a long book, and is often referred to through ellipsis or synecdoche. Pared back to its most famous episode, Don Quixote’s tilting at windmills (Part I ch. 8: 63-5), it is frequently interpreted in terms of a comic opposition between the world of chivalric romance that determines the central character’s perceptions and actions, and the world of early modern Spain in which he is set. This seems as good a summary as any of Don Quixote’s behaviour, as the “quixotic” symbolism of this episode is easily transposed onto both the internal world of the text, and the external world in general. But Cervantes’s novel also seems to resist definition in such simple terms; as I intend to suggest, the relationship between what Don Quixote is seen to represent, and his role in the novel, can generate some interesting repercussions for the process of reviewing. Cervantes represents his character’s delusions as a consequence of the books he reads, providing the opportunity for a review (in the sense both of a survey and a critique) of various contemporary literary discourses. This process is formalised early on, as the contents of Don Quixote’s library are examined, criticised and selectively burnt by his concerned friends (Part I ch. 6: 52-8). The books mentioned are real, and the discovery of Cervantes’s own Galatea among those reprieved suggests a playful authorial reflection on the fictional quality of his work, an impression reinforced as the original narrative breaks off to be replaced by a “second author” and Arabic translator between two chapters (Part I ch. 8-9: 70-6). Part II of Don Quixote depicts characters who have read, and refer to, Part I, effectively granting Don Quixote an internal literary identity that is reviewed by the other characters against the figure they actually encounter. To complicate matters, it also contains repeated mentions of a real, but apocryphal, Part II (published in Tarragona in 1614 under the name Alonso Fernández de Avellaneda), culminating in Don Quixote’s encounter with a proof copy of a (fictional) second edition in a Barcelona printing shop (ch. 62: 916). Ironically, while this text appears to question the later, authorised version from which it differs markedly, Cervantes’s mention of it within his own text allows him both to review the work of his rival, and reflect on the reception of his own. These forms of self-reflexivity suggest both a general interest in writing and literature, and a rather more perplexing sense of the text reviewing itself. In an odd sense, Don Quixote pre-empts and usurps the role of the reviewer, appearing somehow to place external reviewers in the position of being contained or implied within it. But despite these pitfalls, more reviews than usual have appeared in 2005, the four hundredth anniversary of the publication of Don Quixote, Part I. Some refer specifically to editions released for the anniversary: Jeremy Lawrance reviews two new editions in Spanish, while Paddy Bullard examines a newly-restored edition of Tobias Smollett’s 1755 translation, recommended “for readers of Cervantes who are interested in his profound influence on eighteenth-century British culture, or on the development of the novel as a modern literary genre.” This also suggests something about the way in which translations, like reviews, serve to mark and to mediate their own context. Lawrance’s verdict of “still readable” implies the book’s continuing capacity not only to entertain, but also to generate readings that throw light on the history of its reception. Don Quixote provides a perspective from which to review the concerns implied in critical interpretations of different periods. Smollett’s translation (like Laurence Sterne’s invocations of Cervantes in his Tristram Shandy) suggests an eighteenth-century interest in the relationship between Don Quixote and the novel. This may be contrasted, as Yannick Roy suggests (53-4), both with earlier perceptions of Don Quixote as a figure to be laughed at, and the post-romantic perception of a tragicomical everyman seen as representative of a human condition. Modern interpretations of Don Quixote are also complicated by the canonisation of its hero as a household word. Comparing the anniversary of Don Quixote to the attention given to the centenary of Einstein’s Special Theory of Relativity (1905), Simon Jenkins notes “few English people read Don Quixote, perhaps because they think they know it already.” It is frequently described as a foundational text of the modern novel; however, at a thousand pages, it must also compete for readers’ time and attention with the ever-increasing gamut of long prose narratives it helped instigate. Don Quixote, the deluded knight-errant lives on, while the subtleties of Cervantes’s narrative may increasingly be dependent on sympathetic reviewers. It would seem that it is no longer necessary to read the story of Don Quixote in order to know, or even write about him. Nevertheless, not least because the book entertains a complex relationship with its character, and because it seems so conscious of its own literary enterprise, Don Quixote is a dangerous book not to have read. Responding to Jenkins’s claim that Cervantes’s work represents a more unique, and more easily grasped, achievement than Einstein’s, Stephen Matchett takes exception to a phenomenon he describes as “a bloke who tilted at windmills.” Arguing that “most of us are sufficiently solipsistic to be more comfortable with writers who chart the human condition than thinkers who strive to make sense of the universe,” he seems to consider Don Quixote as exemplary of a pernicious modern tendency to privilege literary discourses over scientific ones, to take fiction more seriously than reality. Even ignoring the incongruity of a theory of relativity presented as a paradigm of fact (which may speak volumes about textual and existential anxiety in the twenty-first century), this seems a particularly unfortunate judgement to make about Don Quixote. Matchett’s claim about the relative fortunes of science and literature is not only difficult to substantiate, but also appears to have been anticipated by the condition of Don Quixote himself. Rather than arguing that the survival of Cervantes’s novel is representative of a public obsession with fiction, it would seem more accurate, if nonetheless paradoxical, to suggest that Don Quixote seems capable of projecting the delusions of its central character onto the unwary reviewer. Matchett’s article is not, strictly speaking, a review of the text of Don Quixote, and so the question of whether he has actually read the book is, in some sense, irrelevant. The parallels are nevertheless striking: while the surrealism of Don Quixote’s enterprise is highlighted by his attempt to derive a way of being specifically from a literature of chivalry, Matchett’s choice of example has the consequence of re-creating aspects of Cervantes’s novel in a new context. Tilting at chimerical adversaries that recall the windmills upon which its analysis is centred, this review may be read not only as a response to Don Quixote, but also, ironically, as a performance of it. To say this seems absurd; however, echoing Jorge Luis Borges’s words in his essay “Pierre Menard, Author of the Quixote,” “to justify this ‘absurdity’ is the primary object of this note” (40). Borges explores the (fictional) attempt of obscure French poet Pierre Menard to rewrite, word for word, parts of Cervantes’s Don Quixote. Menard’s initial undertaking to “be Miguel de Cervantes,” to “forget the history of Europe between 1602 and 1918,” is rejected for the more interesting attempt to “go on being Pierre Menard and reach the Quixote through the experiences of Pierre Menard”. While Menard’s text is identical to Cervantes’s, the point is that the implied difference in context affects the way in which the text is read. As Borges states: It is not in vain that three hundred years have gone by, filled with exceedingly complex events. Amongst them, to mention only one, is the Quixote itself. . . . Cervantes’s text and Menard’s are verbally identical, but the second is almost infinitely richer (41-2). Menard’s “verbally identical” Quixote can also be identified as a review of Cervantes’s text, in the sense that it is both informed by, and dependent on, the original. In addition, it allows a review of the relationship between the book as published by Cervantes, and the almost infinite number of readings engendered by the historical permutations of the last three (and now four) hundred years, from which the influence of Don Quixote cannot be excluded. Matchett’s review is of a different nature, in that it stems from an attempt to question the book’s continuing popularity. It seems absurd to suggest that Matchett himself could have served as a model for Don Quixote. But the unacknowledged debt of his piece to Cervantes’s novel, and to the opposition of discourses set up within it, reveals a supremely quixotic irony: Stephen Matchett appears to have produced a concise and richly interpretable rewriting of Don Quixote, in the persona of Stephen Matchett. References Borges, Jorge Luis. “Pierre Menard, Author of the Quixote.” Trans. James E. Irby. Labyrinths. Eds. James E. Irby and Donald A. Yates. New York: New Directions, 1964. 36-44. Bullard, Paddy. “Literature.” Times Literary Supplement 8 Apr. 2005. De Cervantes Saavedra, Miguel. Don Quixote. Trans. John Rutherford. London: Penguin, 2003. (Part and chapter references have been included in the text in order to facilitate reference to different editions.) Jenkins, Simon. “The Don.” Review. Weekend Australian 14 May 2005. Lawrance, Jeremy. “Still Readable.” Times Literary Supplement 22 Apr. 2005. Matchett, Stephen. “A Theory on Einstein.” Review. Weekend Australian 11 June 2005. Roy, Yannick. “Pourquoi ne rit-on plus de Don Quichotte?” Inconvénient: Revue Littéraire d’Essai et de Création 6 (2001): 53-60. Citation reference for this article MLA Style Noonan, Will. "On Reviewing Don Quixote." M/C Journal 8.5 (2005). echo date('d M. Y'); ?> <http://journal.media-culture.org.au/0510/03-noonan.php>. APA Style Noonan, W. (Oct. 2005) "On Reviewing Don Quixote," M/C Journal, 8(5). Retrieved echo date('d M. Y'); ?> from <http://journal.media-culture.org.au/0510/03-noonan.php>.
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Rolls, Alistair. "The Re-imagining Inherent in Crime Fiction Translation". M/C Journal 18, n.º 6 (7 de marzo de 2016). http://dx.doi.org/10.5204/mcj.1028.

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Introduction When a text is said to be re-appropriated, it is at times unclear to what extent this appropriation is secondary, repeated, new; certainly, the difference between a reiteration and an iteration has more to do with emphasis than any (re)duplication. And at a moment in the development of crime fiction in France when the retranslation of now apparently dated French translations of the works of classic American hardboiled novels (especially those of authors like Dashiell Hammett, whose novels were published in Marcel Duhamel’s Série Noire at Gallimard in the decades following the end of the Second World War) is being undertaken with the ostensible aim of taking the French reader back (closer) to the American original, one may well ask where the emphasis now lies. In what ways, for example, is this new form of re-production, of re-imagining the text, more intimately bound to the original, and thus in itself less ‘original’ than its translated predecessors? Or again, is this more reactionary ‘re-’ in fact really that different from those more radical uses that cleaved the translation from its original text in those early, foundational years of twentieth-century French crime fiction? (Re-)Reading: Critical Theory and Originality My juxtaposition of the terms ‘reactionary’ and ‘radical’, and the attempted play on the auto-antonymy of the verb ‘to cleave’, are designed to prompt a re(-)read of the analysis that so famously took the text away from the author in the late-1960s through to the 1990s, which is to say the critical theory of poststructuralism and deconstruction. Roland Barthes’s work (especially 69–77) appropriated the familiar terms of literary analysis and reversed them, making of them perhaps a re-appropriation in the sense of taking them into new territory: the text, formerly a paper-based platform for the written word, was now a virtual interface between the word and its reader, the new locus of the production of meaning; the work, on the other hand, which had previously pertained to the collective creative imaginings of the author, was now synonymous with the physical writing passed on by the author to the reader. And by ‘passed on’ was meant ‘passed over’, achevé (perfected, terminated, put to death)—completed, then, but only insofar as its finite sequence of words was set; for its meaning was henceforth dependent on its end user. The new textual life that surged from the ‘death of the author’ was therefore always already an afterlife, a ‘living on’, to use Jacques Derrida’s term (Bloom et al. 75–176). It is in this context that the re-reading encouraged by Barthes has always appeared to mark a rupture a teasing of ‘reading’ away from the original series of words and the ‘Meaning’ as intended by the author, if any coherence of intention is possible across the finite sequence of words that constitute the written work. The reader must learn to re-read, Barthes implored, or otherwise be condemned to read the same text everywhere. In this sense, the ‘re-’ prefix marks an active engagement with the text, a reflexivity of the act of reading as an act of transformation. The reader whose consumption of the text is passive, merely digestive, will not transform the words (into meaning); and crucially, that reader will not herself be transformed. For this is the power of reflexive reading—when one reads text as text (and not ‘losing oneself’ in the story) one reconstitutes oneself (or, perhaps, loses control of oneself more fully, more productively); not to do so, is to take an unchanged constant (oneself) into every textual encounter and thus to produce sameness in ostensible difference. One who rereads a text and discovers the same story twice will therefore reread even when reading a text for the first time. The hyphen of the re-read, on the other hand, distances the reader from the text; but it also, of course, conjoins. It marks the virtual space where reading occurs, between the physical text and the reading subject; and at the same time, it links all texts in an intertextual arena, such that the reading experience of any one text is informed by the reading of all texts (whether they be works read by an individual reader or works as yet unencountered). Such a theory of reading appears to shift originality so far from the author’s work as almost to render the term obsolete. But the thing about reflexivity is that it depends on the text itself, to which it always returns. As Barbara Johnson has noted, the critical difference marked by Barthes’s understandings of the text, and his calls to re-read it, is not what differentiates it from other texts—the universality of the intertext and the reading space underlines this; instead, it is what differentiates the text from itself (“Critical Difference” 175). And while Barthes’s work packages this differentiation as a rupture, a wrenching of ownership away from the author to a new owner, the work and text appear less violently opposed in the works of the Yale School deconstructionists. In such works as J. Hillis Miller’s “The Critic as Host” (1977), the hyphenation of the re-read is less marked, with re-reading, as a divergence from the text as something self-founding, self-coinciding, emerging as something inherent in the original text. The cleaving of one from and back into the other takes on, in Miller’s essay, the guise of parasitism: the host, a term that etymologically refers to the owner who invites and the guest who is invited, offers a figure for critical reading that reveals the potential for creative readings of ‘meaning’ (what Miller calls the nihilistic text) inside the transparent ‘Meaning’ of the text, by which we recognise one nonetheless autonomous text from another (the metaphysical text). Framed in such terms, reading is a reaction to text, but also an action of text. I should argue then that any engagement with the original is re-actionary—my caveat being that this hyphenation is a marker of auto-antonymy, a link between the text and otherness. Translation and Originality Questions of a translator’s status and the originality of the translated text remain vexed. For scholars of translation studies like Brian Nelson, the product of literary translation can legitimately be said to have been authored by its translator, its status as literary text being equal to that of the original (3; see also Wilson and Gerber). Such questions are no more or less vexed today, however, than they were in the days when criticism was grappling with translation through the lens of deconstruction. To refer again to the remarkable work of Johnson, Derrida’s theorisation of textual ‘living on’—the way in which text, at its inception, primes itself for re-imagining, by dint of the fundamental différance of the chains of signification that are its DNA—bears all the trappings of self-translation. Johnson uses the term ‘self-différance’ (“Taking Fidelity” 146–47) in this respect and notes how Derrida took on board, and discussed with him, the difficulties that he was causing for his translator even as he was writing the ‘original’ text of his essay. If translation, in this framework, is rendered impossible because of the original’s failure to coincide with itself in a transparently meaningful way, then its practice “releases within each text the subversive forces of its own foreignness” (Johnson, “Taking Fidelity” 148), thereby highlighting the debt owed by Derrida’s notion of textual ‘living on’—in (re-)reading—to Walter Benjamin’s understanding of translation as a mode, its translatability, the way in which it primes itself for translation virtually, irrespective of whether or not it is actually translated (70). In this way, translation is a privileged site of textual auto-differentiation, and translated text can, accordingly, be considered every bit as ‘original’ as its source text—simply more reflexive, more aware of its role as a conduit between the words on the page and the re-imagining that they undergo, by which they come to mean, when they are re-activated by the reader. Emily Apter—albeit in a context that has more specifically to do with the possibilities of comparative literature and the real-world challenges of language in war zones—describes the auto-differentiating nature of translation as “a means of repositioning the subject in the world and in history; a means of rendering self-knowledge foreign to itself; a way of denaturalizing citizens, taking them out of the comfort zone of national space, daily ritual, and pre-given domestic arrangements” (6). In this way, translation is “a significant medium of subject re-formation and political change” (Apter 6). Thus, translation lends itself to crime fiction; for both function as highly reflexive sites of transformation: both provide a reader with a heightened sense of the transformation that she is enacting on the text and that she herself embodies as a reading subject, a subject changed by reading. Crime Fiction, Auto-Differention and Translation As has been noted elsewhere (Rolls), Fredric Jameson made an enigmatic reference to crime fiction’s perceived role as the new Realism as part of his plenary lecture at “Telling Truths: Crime Fiction and National Allegory”, a conference held at the University of Wollongong on 6–8 December 2012. He suggested, notably, that one might imagine an author of Scandi-Noir writing in tandem with her translator. While obvious questions of the massive international marketing machine deployed around this contemporary phenomenon come to mind, and I suspect that this is how Jameson’s comment was generally understood, it is tempting to consider this Scandinavian writing scenario in terms of Derrida’s proleptic considerations of his own translator. In this way, crime fiction’s most telling role, as one of the most widely read contemporary literary forms, is its translatability; its haunting descriptions of place (readers, we tend, perhaps precipitously, to assume, love crime fiction for its national, regional or local situatedness) are thus tensely primed for re-location, for Apter’s ‘subject re-formation’. The idea of ‘the new Realism’ of crime, and especially detective, fiction is predicated on the tightly (self-)policed rules according to which crime fiction operates. The reader appears to enter into an investigation alongside the detective, co-authoring the crime text in real (reading) time, only for authorial power to be asserted in the unveiling scene of the denouement. What masquerades as the ultimately writerly text, in Barthes’s terms, turns out to be the ultimate in transparently meaningful literature when the solution is set in stone by the detective. As such, the crime novel is far more dependent on descriptions of the minutiae of everyday life (in a given place in time) than other forms of fiction, as these provide the clues on which its intricate plot hinges. According to this understanding, crime fiction records history and transcribes national allegories. This is not only a convincing way of understanding crime fiction, but it is also an extremely powerful way of harnessing it for the purposes of cultural history. Claire Gorrara, for example, uses the development of French crime fiction plots over the course of the second half of the twentieth century to map France’s coming to terms with the legacy of the Second World War. This is the national allegory written in real time, as the nation heals and moves on, and this is crime fiction as a reaction to national allegory. My contention here, on the other hand, is that crime fiction, like translation, has at its core an inherent, and reflexive, tendency towards otherness. Indeed, this is because crime fiction, whose origins in transnational (and especially Franco-American) literary exchange have been amply mapped but not, I should argue, extrapolated to their fullest extent, is forged in translation. It is widely considered that when Edgar Allan Poe produced his seminal text “The Murders in the Rue Morgue” (1841) he created modern crime fiction. And yet, this was made possible because the text was translated into French by Charles Baudelaire and met with great success in France, far more so indeed than in its original place of authorship. Its original setting, however, was not America but Paris; its translatability as French text preceded, even summoned, its actualisation in the form of Baudelaire’s translation. Furthermore, the birth of the great armchair detective, the exponent of pure, objective deduction, in the form of C. Auguste Dupin, is itself turned on its head, a priori, because Dupin, in this first Parisian short story, always already off-sets objectivity with subjectivity, ratiocination with a tactile apprehension of the scene of the crime. He even goes as far as to accuse the Parisian Prefect of Police of one-dimensional objectivity. (Dupin undoes himself, debunking the myth of his own characterisation, even as he takes to the stage.) In this way, Poe founded his crime fiction on a fundamental tension; and this tension called out to its translator so powerfully that Baudelaire claimed to be translating his own thoughts, as expressed by Poe, even before he had had a chance to think them (see Rolls and Sitbon). Thus, Poe was Parisian avant la lettre, his crime fiction a model for Baudelaire’s own prose poetry, the new voice of critical modernity in the mid-nineteenth century. If Baudelaire went on to write Paris in the form of Paris Spleen (1869), his famous collection of “little prose poems”, both as it is represented (timelessly, poetically) and as it presents itself (in real time, prosaically) at the same time, it was not only because he was spontaneously creating a new national allegory for France based on its cleaving of itself in the wake of Georges-Eugène Haussmann’s massive programme of urbanisation in Paris in the 1800s; it was also because he was translating Poe’s fictionalisation of Paris in his new crime fiction. Crime fiction was born therefore not only simultaneously in France and America but also in the translation zone between the two, in the self-différance of translation. In this way, while a strong claim can be made that modern French crime fiction is predicated on, and reacts to, the auto-differentiation (of critical modernity, of Paris versus Paris) articulated in Baudelaire’s prose poems and therefore tells the national allegory, it is also the case, and it is this aspect that is all too often overlooked, that crime fiction’s birth in Franco-American translation founded the new French national allegory. Re-imagining America in (French) Crime Fiction Pierre Bayard has done more than any other critic in recent years to debunk the authorial power of the detective in crime fiction, beginning with his re-imagining of the solution to Agatha Christie’s The Murder of Roger Ackroyd and continuing with that of Arthur Conan Doyle’s The Hound of the Baskervilles (1998 and 2008, respectively). And yet, even as he has engaged with poststructuralist re-readings of these texts, he has put in place his own solutions, elevating them away from his own initial premise of writerly engagement towards a new metaphysics of “Meaning”, be it ironically or because he has fallen prey himself to the seduction of detectival truth. This reactionary turn, or sting-lessness in the tail, reaches new heights (of irony) in the essay in which he imagines the consequences of liberating novels from their traditional owners and coupling them with new authors (Bayard, Et si les œuvres changeaient d’auteur?). Throughout this essay Bayard systematically prefers the terms “work” and “author” to “text” and “reader”, liberating the text not only from the shackles of traditional notions of authorship but also from the terminological reshuffling of his and others’ critical theory, while at the same time clinging to the necessity for textual meaning to stem from authorship and repackaging what is, in all but terminology, Barthes et al.’s critical theory. Caught up in the bluff and double-bluff of Bayard’s authorial redeployments is a chapter on what is generally considered the greatest work of parody of twentieth-century French crime fiction—Boris Vian’s pseudo-translation of black American author Vernon Sullivan’s novel J’irai cracher sur vos tombes (1946, I Shall Spit on Your Graves). The novel was a best seller in France in 1946, outstripping by far the novels of the Série Noire, whose fame and marketability were predicated on their status as “Translations from the American” and of which it appeared a brazen parody. Bayard’s decision to give credibility to Sullivan as author is at once perverse, because it is clear that he did not exist, and reactionary, because it marks a return to Vian’s original conceit. And yet, it passes for innovative, not (or at least not only) because of Bayard’s brilliance but because of the literary qualities of the original text, which, Bayard argues, must have been written in “American” in order to produce such a powerful description of American society at the time. Bayard’s analysis overlooks (or highlights, if we couch his entire project in a hermeneutics of inversion, based on the deliberate, and ironic, re-reversal of the terms “work” and “text”) two key elements of post-war French crime fiction: the novels of the Série Noire that preceded J’irai cracher sur vos tombes in late 1945 and early 1946 were all written by authors posing as Americans (Peter Cheyney and James Hadley Chase were in fact English) and the translations were deliberately unfaithful both to the original text, which was drastically domesticated, and to any realistic depiction of America. While Anglo-Saxon French Studies has tended to overlook the latter aspect, Frank Lhomeau has highlighted the fact that the America that held sway in the French imaginary (from Liberation through to the 1960s and beyond) was a myth rather than a reality. To take this reasoning one logical, reflexive step further, or in fact less far, the object of Vian’s (highly reflexive) novel, which may better be considered a satire than a parody, can be considered not to be race relations in the United States but the French crime fiction scene in 1946, of which its pseudo-translation (which is to say, a novel not written by an American and not translated) is metonymic (see Vuaille-Barcan, Sitbon and Rolls). (For Isabelle Collombat, “pseudo-translation functions as a mise en abyme of a particular genre” [146, my translation]; this reinforces the idea of a conjunction of translation and crime fiction under the sign of reflexivity.) Re-imagined beneath this wave of colourful translations of would-be American crime novels is a new national allegory for a France emerging from the ruins of German occupation and Allied liberation. The re-imagining of France in the years immediately following the Second World War is therefore not mapped, or imagined again, by crime fiction; rather, the combination of translation and American crime fiction provide the perfect storm for re-creating a national sense of self through the filter of the Other. For what goes for the translator, goes equally for the reader. Conclusion As Johnson notes, “through the foreign language we renew our love-hate intimacy with our mother tongue”; and as such, “in the process of translation from one language to another, the scene of linguistic castration […] is played on center stage, evoking fear and pity and the illusion that all would perhaps have been well if we could simply have stayed at home” (144). This, of course, is just what had happened one hundred years earlier when Baudelaire created a new prose poetics for a new Paris. In order to re-present (both present and represent) Paris, he focused so close on it as to erase it from objective view. And in the same instance of supreme literary creativity, he masked the origins of his own translation praxis: his Paris was also Poe’s, which is to say, an American vision of Paris translated into French by an author who considered his American alter ego to have had his own thoughts in an act of what Bayard would consider anticipatory plagiarism. In this light, his decision to entitle one of the prose poems “Any where out of the world”—in English in the original—can be considered a Derridean reflection on the translation inherent in any original act of literary re-imagination. Paris, crime fiction and translation can thus all be considered privileged sites of re-imagination, which is to say, embodiments of self-différance and “original” acts of re-reading. References Apter, Emily. The Translation Zone: A New Comparative Literature. Princeton: Princeton UP, 2006. Barthes, Roland. Le Bruissement de la langue. Paris: Seuil, 1971. Baudelaire, Charles. Le Spleen de Paris. Trans. Louise Varèse. New York: New Directions, 1970 [1869]. Bayard, Pierre. Qui a tué Roger Ackroyd? Paris: Les Éditions de Minuit, 1998. ———. L’Affaire du chien des Baskerville. Paris: Les Éditions de Minuit, 2008. ———. Et si les œuvres changeaient d’auteur? Paris: Les Éditions de Minuit, 2010. Benjamin, Walter. “The Task of the Translator.” Illuminations. Trans. Harry Zohn. New York: Harcourt, Brace & World, Inc., 1968. 69–82. Bloom, Harold, et al. Deconstruction and Criticism. New York: The Seabury Press, 1979. Collombat, Isabelle. “Pseudo-traduction: la mise en scène de l’altérité.” Le Langage et l’Homme 38.1 (2003): 145–56. Gorrara, Claire. French Crime Fiction and the Second World War: Past Crimes, Present Memories. Manchester: Manchester UP, 2012. Johnson, Barbara. “Taking Fidelity Philosophically.” Difference in Translation. Ed. Joseph F. Graham. Ithaca: Cornell UP, 1985. 142–48. ———. “The Critical Difference.” Critical Essays on Roland Barthes. Ed. Diana Knight. New York: G.K. Hall, 2000. 174–82. Lhomeau, Frank. “Le roman ‘noir’ à l’américaine.” Temps noir 4 (2000): 5–33. Miller, J. Hillis. “The Critic as Host.” Critical Inquiry 3.3 (1977): 439–47. Nelson, Brian. “Preface: Translation Lost and Found.” Australian Journal of French Studies 47.1 (2010): 3–7. Poe, Edgar Allan. “The Murders in the Rue Morgue.” Complete Tales and Poems of Edgar Allan Poe. New York: Vintage Books, [1841]1975. 141–68. Rolls, Alistair. “Editor’s Letter: The Undecidable Lightness of Writing Crime.” The Australasian Journal of Popular Culture 3.1 (2014): 3–8. Rolls, Alistair, and Clara Sitbon. “‘Traduit de l’américain’ from Poe to the Série Noire: Baudelaire’s Greatest Hoax?” Modern and Contemporary France 21.1 (2013): 37–53. Vuaille-Barcan, Marie-Laure, Clara Sitbon, and Alistair Rolls. “Jeux textuels et paratextuels dans J’irai cracher sur vos tombes: au-delà du canular.” Romance Studies 32.1 (2014): 16–26. Wilson, Rita, and Leah Gerber, eds. Creative Constraints: Translation and Authorship. Melbourne: Monash UP, 2012.
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Tesis sobre el tema "Pierre (1945-.... ; romancier)"

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Spens, Patrick. "Pierre Michon : la mémoire et la grâce : une présentation critique". Nancy 2, 1999. http://www.theses.fr/1999NAN21007.

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Jegham, Amel. "Maîtres et serviteurs de Pierre Michon : Genèse d'un imaginaire pictural, des carnets au récit". Electronic Thesis or Diss., Paris 8, 2018. http://www.theses.fr/2018PA080015.

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Pétris de culture et imprégnés de picturalité, les textes de Pierre Michon sont souvent énigmatiques. L’accès aux carnets de travail de Maîtres et serviteurs nous permet de remonter aux sources de l’écrit et de suivre le processus créatif de l’œuvre à partir du fil conducteur de la référence picturale. Nous nous sommes demandée dans quelle mesure l’approche génétique peut nous aider à mieux comprendre la place qu’occupe la peinture dans l’imaginaire de l’auteur et son rôle dans la fabrication de ses textes. Ce travail nous a amenée à étudier le passage des notes de lecture à la constitution de l’écriture, le passage du référentiel au fictionnel, du déjà-dit à l’inédit et du visuel au verbal. Cette dynamique de va et vient entre l’avant-texte et le récit final, a été notre mode opératoire pour déterminer comment la peinture apparaît dès les premières notes consignées dans le carnet jusqu’à leur inscription dans le texte final. Il nous a également permis de cerner les modalités de sélection, de prélèvement, d’appropriation et enfin d’assimilation des éléments exogénétiques dans le texte. Nous avons pu analyser les différentes opérations de réécriture de l’intertexte littéraire et pictural par détournement, effacement et opacification. Nous avons enfin suivi l’itinéraire de la référence picturale du carnet au texte et sa réactivation dans les récits ultérieurs. Si cette première thèse sur les carnets de Pierre Michon n’élucide pas tout à fait l’énigme de ses textes, elle permet néanmoins de comprendre et de suivre le fonctionnement spécifique de l’écriture michonienne, de relancer les réflexions sur l’érudition et elle ouvre la voie à de nouvelles recherches génétiques sur les carnets des autres textes de l’écrivain
Steeped in culture and permeated with pictoriality, Pierre Michon's writings are often enigmatic. Access to the preparatory notebooks for Maîtres et serviteurs made it possible to go to the sources of what was written and to trace the creative process of the work by following the thread of pictorial reference. The question is asked about the degree to which the genetic approach can help to better understand the position of painting in the author's imagination and its role in the building up of his writings. The work led to examining the passage from notes on reading to the elaboration of writing, the passage from referential to fictional, from the already said to the new and from the visual to the verbal. This back-and-forth movement between what precedes writing and the final text was used to determine how painting appears in the very first entries in the notebook until these are incorporated in the final text. It also allowed identification of the modes of selection, sampling and appropriation and finally the incorporation of the exogenetic items in the text. The different operations in the rewriting of the literary and pictorial text by the use of twisting, erasure and opacifying were analysed. Finally, the itinerary of pictorial references from notebook to text and reactivation in subsequent writings were examined. Although this first thesis on Pierre Michon's notebooks does not fully elucidate the enigma of his writings, it nonetheless makes it possible to understand and monitor the specific functioning of 'Michonian' writing and to relaunch reflection on erudition. It opens the way to further genetic research on the notebooks for other works by the writer
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Préclaire, Florian. "Recommencer le monde. Poétiques du récit dans les œuvres de Marie-Hélène Lafon, Laurent Mauvignier, Pierre Michon et Jean Rouaud". Electronic Thesis or Diss., Paris 3, 2023. http://www.theses.fr/2023PA030037.

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Depuis les années 80 et jusqu’à aujourd’hui, entre le constat initial de sa perte et celui plus récent de son ressaisissement, le monde s’est imposé aux écrivains ainsi qu’une matière discontinue et douteuse. C’est à partir de traces que les récits de Marie-Hélène Lafon, de Laurent Mauvignier, de Pierre Michon et de Jean Rouaud s’érigent et se constituent, cependant que la réévaluation du rapport au réel et à l’H-histoire leur enjoint de questionner l’origine en termes symboliques. L’appréhension du monde passe ainsi chez eux tantôt par le prisme de l’enquête et tantôt par celui de l’anthropologie pour inscrire le présent dans un lien étroit avec les symboles et les mythes qui racontent les commencements. Aussi, c’est en réinterrogeant en profondeur les modalités de ses récits et de ses poétiques que la littérature contemporaine s’attache à recommencer le monde. Aux prises avec les figures d’engendrement, elle s’ordonne singulièrement entre obliquité et ubiquité ; elle s’applique à repenser l’espace et le temps au présent, ainsi qu’à réévaluer le champ et les formes de ses implications ; elle convoque tout l’empan du spectre des symboliques élémentaires au service de représentations de la création et de figurations d’un être-au-monde ; enfin elle rejoue la place du monde dans le cosmos, pose des mots sur les choses, et réinterroge le lien de l’humain à l’animal afin de délinéer les contours d’un nouvel ethos
From the 1980’s until today, between the initial assessment of its loss and that, more recent, of its re-creation, the world has been adopted by writers as a discontinuous and questionable subject. It is from traces only that the narratives of Marie-Hélène Lafon, Laurent Mauvignier, Pierre Michon and Jean Rouaud are constructed and constituted, while the re-assessment of the relationship to reality and to the story/History is urging them to question the origin of the world in symbolic terms. The understanding of the world is thus filtered in turns through the lens of the investigation or that of the anthropology to closely link the present to the symbols and myths that tell the story of beginnings. Hence, it is by profoundly questioning the arrangements of its narratives and its poetics that contemporary literature commits to recreating the world. Dealing with begetting figures, it positions itself interestingly between obliquity and ubiquity ; it focuses on rethinking place and time to fit the present time, as well as on re-assessing the scope and the arrangements of its implications ; it summons the whole span of the spectrum of elementary symbolism in the service of representations of the creation and of the depiction of ways of being a part of the world ; lastly it reenacts the place of the world in the cosmos, puts words to things, and questions the link between Human and Animal again in order to delineate the shape of a new ethos
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Lecarme, Jacques. "Roman, politique et autobiographie chez quelques romanciers de l'entre-deux-guerres". Paris 4, 1997. http://www.theses.fr/1997PA040080.

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On s'est interrogé sur la relation entre le roman et la politique chez des écrivains majeurs qui ont publié leur premier livre entre 1918 et 1939, et que l'on a suivis au-delà de cette période dans la poursuite de leur œuvre. Apres avoir posé que le thème de l'apocalypse domine cette période riche en catastrophes, on examine la vie et l'œuvre de Drieu la Rochelle, à travers la problématique de la révolution, de la trahison, du suicide. On évalue et on réévalue le nouvelliste et le romancier. On propose des parallèles avec ses pairs ou avec ses adversaires : Céline, Nizan, Sartre, Malraux. Le climat fiévreux et violent d'une entre-deux-guerres, qui attend tout - et trop - de ses grands écrivains, qui produit, de cette fonction, une mythologie héroïsante, a semblé pouvoir être évoqué à partir d'une figure aussi singulière et aussi justement controversée que celle de Drieu la Rochelle. Malraux est loué et décrit d'une manière plus succincte, dans une problématique du roman et de l'autobiographie, qui relève de la moderne "auto fiction". Paul Morand est aussi étudié brièvement, dans son parcours littéraire, politique, mondain : l'analyse porte essentiellement sur les nouvelles, dont on veut démontrer qu'elles manifestent, mieux que ses romans, son génie de romancier. Sartre est envisagé, à loisir et à distance, dans sa problématique de la littérature engagée (surréalisme, communisme, fascisme, antisémitisme, collaboration, résistance), mais on s'est surtout attache aux mots, écrit autobiographique postérieur à notre période de référence. Quatre monographies sur Aragon, Yourcenar, Simenon, Hyvernaud élargissent le quatuor en octuor. Un vaste panorama du roman, de la nouvelle, et de l'autobiographie, après la guerre (1939-1945), évoque les prolongements d'un sujet trop riche pour avoir été épuisé
We have examined the relation between novel and politics in the work of some prominent writers who have published their first book between 1918 and 1939, and we have followed beyond this period the continuation of their creation. We have first exposed our thesis : the theme of the apocalypse is all-pervading throughout this period full of catastrophes. Then we have examined Drieu la Rochelle's life and work, privileging the problems of revolution, treason and suicide. We have evaluated and re-evaluated him as a writer of short stories and as a novelist. We have drawn a parallel between him and him and his peers or adversaries : Céline, Nizan, Sartre, Malraux. The feverish and violent atmosphere of this interwar period, when everything - too much - was expected from great writers, whose function was exalted and transformed into a heroic myth, is evocated through the conspicuous and deservedly debated character of Drieu la Rochelle. Malraux is praised and described in a more succinct way, through a discussion on novel and autobiography, inspired by the modern "autofiction" theory Paul Morand too is briefly studied, in his literary, political, world-wide and wordly career : our analysis deals mainly with his short stories, we intend to demonstrate that, better than his novels, they show his genius as a novelist. Sartre is viewed, leisurely but somewhat distantly, in relation to the problems of "littérature engagée" (surrealism, communism, fascism, antisemitism, collaboration, resistance), but we have mainly focused on the words, autobiographical work posterior to the period we study. Four monographs on Aragon, Yourcenar, Simenon, Hyvernaud enlarge this quartet into an octet. A broad panorama of novel, short story and autobiography after the 1939-45 war evokes the possible extions of a subject too rich to have been exhausted
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Fustin, Ludivine. "Romanciers cyniques : Octave Mirbeau, Pierre Drieu la Rochelle, Michel Houellebecq". Thesis, Paris 4, 2017. http://www.theses.fr/2017PA040011.

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À travers l’étude des romans de trois écrivains jugés cyniques – au sens antique ou moderne du terme –, il s’agit de chercher à définir un nouveau statut auctorial dans l’histoire du champ littéraire du XIXe au XXIe siècles : celui de romancier cynique. Le fil conducteur de cette recherche procède, avant tout, du rapport fondamental qu’entretient le cynisme avec la vérité. Vérité historique, lorsque ces écrivains envisagent le cynisme (notion qui touche aussi bien à la philosophie, à la psychologie qu’à la morale) comme un matériau romanesque, autrement dit, un thème, un caractère, une attitude à exposer afin de dévoiler au mieux la réalité de leur siècle respectif. Vérité transhistorique, quand ils s’attachent à révéler ce que sont l’homme et le monde. Le cynisme relève alors d’une pratique, celle du dire-vrai, qui favorise le caractère aléthique du texte littéraire et conditionne la teneur du discours véhiculé par le roman : c’est un centre autour duquel gravitent des thèmes, des éléments narratifs et des procédés d’écriture communs aux écrits romanesques de Mirbeau, de Drieu et de Houellebecq, dont les horizons sont pourtant bien distincts. Cette forte implication du cynisme dans l’espace littéraire suppose nécessairement un rapport singulier au réel ; elle exige du romancier qu’il ménage la rencontre du fictif et du vécu, tout en déclenchant un processus de dévoilement, franc et lucide, à l’égard de la littérature elle-même. Le romancier cynique se doit de mettre à nu les faiblesses, les contradictions, voire les travers de la littérature afin d’être au plus près de ce qu’elle est vraiment
The antique and modern study of the novels by these three cynical writers aims at trying to portray a new authorial status in the history of nineteenth to twenty-first century literature : the status of the cynical novelist. First and foremost, the common thread of this research comes from the essential link between cynicism and truth. On the one hand, truth as historic truth is defined when cynicism (in its philosophical, psychological and ethical terms) is considered by these novelists as a novel material, in other words, a theme, a character, and an attitude, which exposes the reality of their respective century. On the other hand, truth as transhistorical truth is when they endeavour to unveil what mankind and world are. Cynicism comes therefore from the habit of truth-telling, the one that promotes the alethic aspect of the literary text and determines the content of the speech conveyed by the novel. Mirbeau, Drieu and Houellebecq novels have really definite horizons of their owns. But if I consider the common points to these three writers, I can say that this truth-telling process is a centre around which themes, narrative elements and writing processes gravitate. This strong involvement of cynicism in the literary space necessarily implies a singular connection to reality, therefore, it implies for the novelist both to handle carefully this melting of fiction and real-life experiences and to trigger a process of a honest and lucid disclosure towards literature itself. A cynical novelist must expose the weaknesses, the contradictions and even the quirks of literature in order to be as close as possible to what it really is
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van, der Lugt Mara. "'Pierre, or the ambiguities' : Bayle, Jurieu and the Dictionnaire Historique et Critique". Thesis, University of Oxford, 2014. http://ora.ox.ac.uk/objects/uuid:02bbbbda-7fa3-4c1c-af05-99842a9217e0.

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This thesis presents a new study of Pierre Bayle’s Dictionnaire Historique et Critique (1696), with special reference to Bayle’s polemical engagement with the theologian Pierre Jurieu. While recent years have seen a surge of interest in Bayle, there is as yet no consensus on how to interpret Bayle’s ambiguous stance on reason and religion, and how to make sense of the Dictionnaire: although specific parts of the Dictionnaire have received much scholarly attention, the work has hardly been studied as a whole, and little is known about how the Dictionnaire was influenced by Bayle’s polemic with Jurieu. This thesis aims to establish a new method for reading the Dictionnaire, under a dual premise: first, that the work can only be rightly understood when placed within the immediate context of its production in the 1690s; second, that it is only through an appreciation of the mechanics of the work as a whole, and of the role played by its structural and stylistic particularities, that we can attain an appropriate interpretation of its parts. Special attention is paid to the heated theological-political conflict between Bayle and Jurieu in the 1690s, which had a profound influence on the project of the dictionary and on several of its major themes, such as the tensions in the relationship between the intellectual sphere of the Republic of Letters and the political state, but also the danger of religious fanaticism spurring intolerance and war. The final chapters demonstrate that Bayle’s clash with Jurieu was also one of the driving forces behind Bayle’s reflection on the problem of evil; they expose the fundamentally problematic nature of both Bayle’s theological association with Jurieu, and his self-defence in the second edition of the Dictionnaire. The title of this thesis comes from Herman Melville’s novel: ‘Pierre, or the Ambiguities’.
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Charles-Nicolas, Stéphanie. "Saint-Pierre de la Martinique : géographie littéraire d'une ville coloniale des Antilles françaises. Représentations de la cité créole avant sa destruction le 8 mai 1902 (1635-2012)". Thesis, Sorbonne Paris Cité, 2018. http://www.theses.fr/2018USPCA082.

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Lors de l’éruption de la Montagne Pelée, le volcan de l’île de la Martinique, la ville de Saint-Pierre et ses trente mille habitants ont été anéantis par une nuée ardente le 8 mai 1902. Surnommée le « Paris des Antilles », ou encore la « Venise tropicale », la ville incarnait la France aux Amériques, ce qui suggère son statut particulier au sein des colonies françaises à cette époque. L’éclat qu’a eu la ville de Saint-Pierre dans la littérature aurait-il été le même sans l’éruption de la Montagne Pelée ? Notre recherche a pour but de proposer un examen des diverses facettes de la ville de Saint-Pierre à partir de la géographie littéraire, prolongée par les apports de la géopoétique et de la géocritique. La notion de « paysage » chère à Michel Collot, constituera une entrée plus vaste que nous privilégierons dans le champ de l’étude qui nous intéresse, dans la mesure où elle semble combler les lacunes des outils théoriques précédemment cités. Le cadre d’une géographie de la littérature nous sera utile pour étudier le contexte spatial dans lequel sont produites les œuvres. Cet angle d’attaque sera l’occasion de s’interroger sur les particularités dues à l’écriture en contexte postcolonial. Nous entendons le terme « géocritique » au sens large comme étude des représentations de l’espace dans les textes eux-mêmes. Il s’agira alors de tracer les contours d’une ville non pas réelle mais telle que l’auteur l’imagine et telle qu’elle se dessine par le langage. À partir de la géopoétique, nous analyserons les relations entre l’espace et les formes littéraires. Nous comparerons les images proposées par différents écrivains. Nous chercherons à retrouver une certaine image de la ville de Saint-Pierre, selon la vision de différents auteurs
During the eruption of Mount Pelee, the volcano on the island of Martinique, the city of Saint-Pierre and its thirty thousand inhabitants were wiped out by a volcanic cloud on May the 8th 1902. Known as "The Paris of the Antilles", or the "tropical Venice", The town personified France to America, suggesting its special status within the French colonies at that time. Would Saint-Pierre’s glow in literature have been the same without the eruption of Mount Pelee? Our research aims to provide a review of various aspects of the city of Saint-Pierre from literary geography, extended by the contributions of geopoetics and Geocriticism for. The concept of "landscape" dear to Michel Collot, will be a larger entry we will focus in the field of study that interests us, insofar as it seems to fill the gaps of the aforementioned theoretical tools. As part of a geography of literature will be useful to study the spatial context in which the works are produced. This angle of attack will be an opportunity to reflect on the peculiarities due to writing in postcolonial context. We understand the term "Geocriticism" broadly to study the representations of space in the texts themselves. It will then trace the outline of a real but not such a city that the author imagines and as it emerges through language. From geopoetics, we analyze the relationship between space and literary forms. We will compare the representations offered by various writers. We will try to find a specific image of the city of Saint-Pierre, according to various authors
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Libros sobre el tema "Pierre (1945-.... ; romancier)"

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Piedra vuelta: Poesía (1985-2014). Madrid: Amargord, 2014.

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Ponzo, Jenny. Religious Narratives in Italian Literature after the Second Vatican Council: A Semiotic Analysis. De Gruyter, 2019.

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Ponzo, Jenny. Religious Narratives in Italian Literature after the Second Vatican Council: A Semiotic Analysis. de Gruyter GmbH, Walter, 2019.

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Ponzo, Jenny. Religious Narratives in Italian Literature after the Second Vatican Council: A Semiotic Analysis. de Gruyter GmbH, Walter, 2019.

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Religious Narratives in Italian Literature after the Second Vatican Council: A Semiotic Analysis. De Gruyter, Inc., 2019.

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